sexta-feira, 16 de abril de 2010

DITADURA FRIA parte II

 

Na Idade média o pensar era teocêntrico onde a verdade se baseava em reflexões teológicas e dogmas da igreja. O poder religioso era tutor do estado, da ciência e regulador social. Este poder instrumentalizava os miseráveis com a idéia de ser pobre era uma virtude que seria galardoada lá no céu. A ciência não podia contrariar a fé. Era uma ditadura que impedia a ascensão social. Esta sociedade dividia em nobreza, clero e camponeses (plebe). A economia era feudal.

Uma sucessão de fatos históricos veio a romper com esta ditadura. A luta pela liberdade em todas as áreas começou a clamar nos corações dos homens. Na ciência Nicolau Copérnico propõe com ousadia que o universo era heliocêntrico, contradizendo o poder religioso que afirmava ser geocêntrico. Galileu depois ampliou este conceito afirmando ser o universo extenso com bilhões de estrelas. Mais os alicerces da modernidade foram lançados na renascença quando a humanidade é levada ao centro da realidade e tem as paredes do seu edifício erguido pelo o iluminismo quando o indivíduo é colocado como centro do mundo.

Na modernidade a economia foi impactada com o pensar de Hegel e Marx. Marx criticou a religião de então e com razão. Chegou a fazer afirmações fortes como “ a religião é o ópios das massas” e “Deus é um sedativo para os fracos”. O papel da religião herdada da Idade Média era tornar os pobres subservientes e conformados para que estes não viessem ameaçar o poder dos nobres. A igreja lucrava muito com isso.

A própria religião cristã foi impactada por esta onda de mudanças. Martinho Lutero almejou a liberdade de interpretar as escrituras livremente sem ser manipulado pela Igreja. Este ato motivou a Reforma Protestante. Depois de perseguição e morte a igreja protestante cresceu apoiada pela burguesia, a nova classe social que surgia em oposição ao feudalismo que era apoiado pela igreja católica romana.

O sonho moderno

A cosmologia moderna é marcada pelo racionalismo, otimismo, centralização e universalização de conceitos. A religião revelada da idade média passa a dar lugar a religião natural de seres racionais e autônomos. A pessoa não precisa fazer parte de uma comunidade ou de uma religião para existir. A máxima de Descartes representa bem este período “cogito ergo sum”: “penso logo existo” ou “Dubito, ergo cogito, ergo sum”: "Eu duvido, logo penso, logo existo"

O racionalismo fazia crê que o conhecimento é exato e objetivo e que toda pessoa deveria controlar racionalmente sua existência. A própria fé deveria ser aprovada pela razão. A vida humana seria melhorada pela ciência e pelo progresso tecnológico.

Um grande otimismo contribuiu para cosmovisão moderna. Acreditava que a ciência associada a educação era o meio para a libertação social. A razão e a ciência eram as ferramentas que o ser humano precisava para vencer suas limitações. A humanidade criativa e o progresso tecnológico resolveriam os problemas do ser humano e revelaria os segredos do universo. Acreditava-se que o homem (criatura) poderia resolver os problemas da humanidade sem a interferência do Criador. Nietzsche chegou a levantar a tese da morte de Deus. A relevância de Deus é colocada num contexto racional. Nascia a divisão entre duas formas de religião: a natural e a revelada. A religião natural consistia em verdades fundamentais, como a existência de Deus e as leis universalmente aceitas. A religião revelada consistia em dogmas e doutrinas baseadas na bíblia e que tinham que ser aceitas pela fé.

Com a centralização e a universalização de conceitos, tudo deveria ser aprovado pelo o escrutínio da razão para ter uma aceitação geral. Os conceitos eram universalmente aceitos. Desenvolveu-se o método científico para chegar a resultados racionalmente aceitos.

A religião moderna recorria à razão para aceitar as revelações. A religião natural aos poucos vai sendo vista como religião verdadeira, começa a desfazer-se dos dogmas e das tradições da igreja. A igreja evangélica nasceu na modernidade, quando os dogmas da igreja romana foram rejeitados. Cresceu apoiada pelo o pré-capitalismo burguês. Enquanto a Igreja Romana estava homogeneamente ligada a classe dominante de então a igreja evangélica se aliava a classe emergente.

A crise da modernidade

Uma atitude de exploração e conquista se espalhava nos ideais modernos. Enquanto os filósofos, teólogos e pensadores arrazoavam sobre a morte de Deus, ou sobre a irrelevância de Deus. A humanidade estava matando Deus em sua alma e tornando sua influencia irrelevante em seus atos. Essa atitude de exploração e conquista sem Deus levou a humanidade a primeira guerra mundial. A ciência que estaria a serviço do bem da humanidade agora fabricava aparatos para a guerra. O comunismo defendido por Marx e Hegel virou uma máquina de exterminar vidas por Stalin, A revolução comunista fugiu do ideal da igualdade econômica e levou o estado a se tornar uma máquina de repressão e opressão política.

A modernidade foi marcada pela segunda guerra mundial, mostrando que a ciência era mais usada para destruição em massa do que para o bem estar da humanidade. Hiroshima e Nagasaki foram destruídas por bombas atômicas. A Alemanha que matou Deus nos seus propósitos causou o maior genocídio de toda a história. Seis milhões de Judeus foram exterminados.

Sem Deus não há liberdade.

Muito se tem feito em nome de Deus. Exploração, guerras, cruzadas. Criam-se um deus para cada propósito humano e esquece-se do real propósito de Deus. Na idade média o teocentrismo estava a serviço da aristocracia e do poder, mas Deus estava longe de ser o centro de toda este trama de opressão. Na modernidade o antropocentrismo afastou Deus dos atos humanos acabando em tragédias, ditaduras e repressão. Na modernidade o mundo polarizado (Capitalismo e Socialismo) tem em comum a maneira de ditar e controlar a vida das pessoas. Um tenta controlar pela repressão e o outro pelo o prazer. Nem a religião, nem a política podem expressar a liberdade que encontramos em Deus.

Marcos Avelino – O Marcão

Fonte de pesquisa: Grenz, Stanley J., Pós modernismo, EVN, 1997

sexta-feira, 9 de abril de 2010

RENOVANDO PARA TRANSFORMAR

E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Rm 12:2)

A transformação da sociedade foi resultado de um processo longo e dinâmico através dos séculos, por idéias, inspirações e lutas dos homens. Essa inspiração humana, essa motivação vem de concepções filosóficas que influenciam os fatos históricos e refletem no quotidiano. Quando a sociedade é inspirada por Deus, há justiça, prosperidade e equilíbrio social. Ao contrário há injustiças miséria e desequilíbrio social. Deus pode estar presente nas diversas concepções filosóficas e seu amor pode ser a força geratriz dos atos através da história. A ausência de motivação, de inspiração, de sonhos reflete na ausência de Deus. Essa ausência cogita em violência, exploração, discórdia e intranqüilidade. Para influenciarmos a sociedade onde estamos inseridos é preciso ter uma mente renovada e livre da influencia dos sofismas humanos e da religião. E preciso sinceridade, amor, mansidão e nobreza em nossos atos e deixar que as motivações externas sejam inspiradas em Deus.

Os estímulos externos influenciam o pensamento e o pensamento gera sentimento e o sentimento gera comportamento e o comportamento causa impacto na sociedade. Um pensamento gera uma ação; uma ação repetida gera um hábito; um hábito gera um vício; um vício gera uma natureza. As atrocidades da sociedade são inspiradas pelo ruim. Um tarado que virou estuprador, primeiramente começou a alimenta-se com pensamentos de sexo, que alimentado virou hábito, depois um vício, por conseqüente um comportamento ou natureza de tarado que o levou ao estupro causando impacto na sociedade. Um adolescente viciado em drogas foi influenciado por pensamentos oriundo de pressão de grupo ou falsa onipotência que gerou uma ação, que gerou um hábito, depois um vício e por conseqüente a natureza de viciado em drogas.

Está escrito em provérbios 23:7 que "como o homem imagina em sua alma assim ele é." No salmo 94:11 se ler que os pensamentos do homem são vão. Para que o homem vazio possa pensar em transformar o mundo para melhor é preciso ocupar seus pensamentos. A palavra de Deus dá a resposta em filipenses 4;7 "Tudo que é verdadeiro, tudo que é respeitável, tudo que justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso que ocupe o vosso pensamento.”

Há muitos estímulos para os pensamentos. Algumas destas motivações juntamente com a natureza humana conspiram contra o realizar, contra a vida. O Apóstolo Paulo diz que se pode transformar o mundo pela renovação dos pensamentos e que isso é uma condição para que se possa conhecer qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. A maneira de pensar tem peso no futuro.

Existe uma tática escravagista para colonização dos pensamentos. Agindo através dos meios de comunicações, da propaganda comercial e da libertinagem artística para satisfazer uma sociedade de consumo há uma mente poderosa que não poupará sua vida. Muda-se a cultura, faze-se a moda, mudam-se as médias sociológicas e aprisionam-se os pensamentos naquilo que não é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, de boa fama, naquilo que não tem virtude. Deixa a cultura reprovável e precisando ser transformada pela renovação dos nossos pensamentos mediante os ensinamentos de Cristo.

Todo ser humano precisa de um ideal, de uma muleta para viver. Enquanto não encontra esse ideal a alma fica como adormecida. Quando algo desperta na mente, então se começa a gastar tempo pensando e esforça-se para alcançá-lo

O que motiva os pensamentos para tomadas de decisão são influenciado basicamente por três concepções filosóficas: a idealista; a psicológica e a materialista.

1- Idealista

Todos os acontecimentos são primordialmente presididos por idéias. Em qualquer acontecimento de ordem econômica, política, intelectual ou religiosa, é preciso observar o papel desempenhado pela IDÉIA como geradora da realidade. Cientistas sociais como Frederico Hegel no início do século XIX já defendia esta tese.

Foi esta concepção que levou milhares e milhares de jovens em todo o mundo a pegarem em armas e defenderem o ideal socialista.

É esta a motivação que leva militantes do green peace a arriscarem a vida colocando seu barquinho na frente de um enorme navio em nome do ideal que defendem – a ecologia.

Precisa-se de pessoas que tenham o entendimento renovado pelo ideal de Cristo, e que lute como estes militantes para que a sociedade seja impregnada pela prática do evangelho.

Quem tem o entendimento renovado não se vende as propostas de um evangelho egoísta, materialista e interesseiro. Um evangelho de discurso sem prática e de super-homens de deus

2-Psicológico Social

As motivações da vida são resultantes de manifestações espirituais produzidas pela vida em comunidade. A motivação depende do estado da alma em determinado agrupamento social. (obras de Wilheim e Wundnt – Elemento de psicologia dos povos e Gustave Le bom – sociologia das multidões exploram este tema)

Aristóteles, sábio grego dizia que o homem é um animal social. E que o homem é influenciado definitivamente pelo meio em que vive. “ o homem é produto do meio”. O meio em que se vive, os diversos grupos de amigos, a instituição religiosa que se freqüenta influencia o pensar do ser humano.

Pode-se ver isso nos meios religiosos em que para ser aceito no grupo tem: que falar com os mesmos jargões; ter a mesma impostação de voz; ter um indumento peculiar ao grupo; ter o mesmo folclore religioso. Também entre os adolescentes que para se sentirem aceitos pelo grupo chegam a usar drogas, fumar, ter corte de cabelo e indumento peculiar, ter tatuagem, gostar do mesmo estilo de música entre outros.

O maior desafio para os cristãos que são chamados para ser luz e sal é: influenciar o grupo ou deixar ser influenciado por ele? Esta é a oportunidade de deixar Cristo ser conhecido através dos atos, da vida.

Segundo Nietczen para que o homem possa existir socialmente em rebanho é preciso um acordo de paz, o homem gosta de viver em glória de empréstimo. Em atos 4:21 os saduceus deixam de castigar os apóstolos por medo do povo ."Eles se aliam aos fariseus até naquilo que não crêem. Eles negociam seus princípios básicos para manter o estatus quo." (Pressão social de grupo)

É desesperador quando se ver cristãos amarem mais as posições hierárquicas ministeriais do que as almas. ( Pensamentos gerado pela pressão social de grupo) Quando se tem na mente um objetivo do grupo, só enxerga-se o que esta procurando. Na sociedade religiosa do quotidiano a pressão de grupo aguça a crise do ser e faz com que o obreiro só pense em projeção ministerial e só mostre interesse naquilo que o ajuda a mostrar serviço, que o coloca como ponto de destaque na congregação.

3-Materialista

As motivações mesmo as de ordem espiritual, são determinados principalmente, pelas condições da vida material reinantes na sociedade a que eles estão ligados. Isto porque, antes de se preocupar com os problemas de cunho espiritual, o homem procura mesmo e obter os bens materiais que lhes garantam os meios de vida: Alimentação, habitação, vestiário e instrumentos de produção. Era o que defendia Karl Marx.

A concepção materialista está em alta no capitalismo selvagem atual. Este vem colonizando e programando a mente das pessoas. O que passa a motivar os pensamentos é um anseio de ter, esse ter entra em crise porque a felicidade fica atrelada a esse possuir. E toda energia é então dispensada para atingir este objetivo. Os filhos crescem, a juventude vai embora e não há tempo para curtir as particularidades de cada momento que a vida propicia. E quando chega a possuir, entra-se em decepção, surge nova necessidade de ter criando uma crise. O Capitalismo se alimenta da crise. Como o Phoenix, as crises geradas por ele é um combustível para um novo nascedouro, uma nova oportunidade, um novo mercado. Parece um paradoxo mais o capitalismo precisa da crise para superar sua crise.

Os apelos pelo possuir poluem o pensamento de todos. E estes pensamentos influenciaram o comportamento mesquinho que impactam a sociedade com assaltos, violências, roubos e outros crimes hediondos. E para combater essa onda de violência surge o mercado da segurança gerando muitos empregos, e empresas. Aumento de contingentes de policiais, delegados, advogados, magistrados, empresas de segurança eletrônicas, de guarde de valores etc...

Esta semana recebi um email de uma amiga que falava sobre toda uma programação capitalista para estética. A programação do pensar materialista está mais ligada ao supérfluo do que os bens materiais que garantam os meios de vida. As propagandas comerciais geram um sentimento de falta que será preenchida com um carro novo, uma boa cerveja ao redor de belas mulheres, com uma TV de LCD, com uma câmera digital de última geração e assim por diante. O materialismo gera um sentimento de insatisfação em todas as áreas sociais. Os apelos fazem as pessoas se sentirem infelizes e propõe a aquisição de algo que poderá trazer de volta a felicidade.

As igrejas evangélicas neopentecostais cresceram com os ideais do capitalismo. As propagandas apelativas mostram testemunhos de pessoas que viviam na miséria e depois que começou a freqüentar a igreja “X” passou ter uma grande prosperidade. Faze-se inventário nas rádios e televisão de tudo que conseguiram agindo pela fé. A igreja perdeu sua identidade de eklesia de Deus e passou a ser uma empresa de fé. Os líderes são mercenários que são avaliados pragmaticamente pelo retorno financeiro que traz a empresa de fé.

Veja o que diz o apóstolo pedro em II Pedro2

1 Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.

2 E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade;

3 também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita.

Se os clientes não prosperarem conforme a propaganda apresentada ou estão em pecado ou não é o tempo de Deus abençoar. Para prosperarem colocam em risco a própria salvação. Fazem investimentos no fundo da fé e espera o retorno prometido.

“E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe, num momento de tempo, todos os reinos do mundo. E disse-lhes o diabo: Dar-ti-ei a ti todo o poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se me adorares, tudo será teu. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Adorarás o senhor teu Deus, e só a ele servirás. “ Lc 4

A concepção materialista será reinante nos últimos dias. Em Ap18 lemos

11 E sobre ela choram e lamentam os mercadores da terra; porque ninguém compra mais as suas mercadorias:

12 mercadorias de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho fino, de púrpura, de seda e de escarlata; e toda espécie de madeira odorífera, e todo objeto de marfim, de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore;

13 e canela, especiarias, perfume, mirra e incenso; e vinho, azeite, flor de farinha e trigo; e gado, ovelhas, cavalos e carros; e escravos, e até almas de homens.

Quando se fala em “e até as almas dos homens” esta expondo a supremacia da concepção materialista sobre as demais.

Para transformar o mundo é preciso ter constância no que se acredita e não comprometer as convicções de fé em busca das ofertas materialistas. A negociação da verdade jamais deve ser o acordo de paz para que se possa existir socialmente como rebanho.

Renovar a mente e deixar que os pensamentos renovados influenciem a cultura, a religião, a política e a sociedade. Você pode transformar toda uma cultura pela prática do evangelho. O cristão é enviado a dar ordem ao caos e trazer motivação aos desesperançados. E dizer que o “Espírito de Senhor está sobre mim porque ele me ungiu para pregar as boas novas aos pobres, Enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos e abertura de prisão aos presos.”

Deixe a palavra de Deus ser a motivação do pensamento e encha sua mente do que é bom, louvável, de boa fama. Que sua memória não se exercite na lembrança do trágico, das humilhações passadas. Que sua mente seja renovada e não viva num ciclo de amargura, da desgraça e do ódio. Dê um basta nas lembranças do passado. Faça como Jeremias "quero trazer a memória aquilo que me pode dar esperança"(Lm 3:21).

Será que você está ocupando sua mente com lamentações das oportunidades que perdeu na vida? Será que a frustração, o ódio, os sentimento de culpa, os complexos não se tornaram os grandes temas do teu raciocínio? Será que os sentimentos de frustração e abandono não tem dominado tua mente?

Se você só tem conseguido lembrar-se da desgraça, dos pensamentos que afloram do passado, ore e leia a Bíblia que Deus vai encher teus pensamentos com coisas novas. Queira renovar, ver o mundo transformado. Queira ser embaixador desta renovação, fazer parte desta transformação e trabalhar conforme a vontade do Espírito de Deus. Deixe Jesus governar sua mente, seus pensamentos e sua vida.

Marcos Avelino – O Marcão,

sexta-feira, 2 de abril de 2010

MUDANÇA DE ESTAÇÃO

Olho para o futuro com certo receio, já não tenho a mesma força e vigor de um adolescente. A primavera já passou, embora as flores continuem na memória. Já posso sentir o vento frio do outono se aproximando. Talvez eu não tenha aproveitado as particularidades de cada estação, mas isso não me fez adoecer. Continuo o mesmo sonhador, amante da poesia, menino brincalhão.

Já briguei muito na vida. Entre diretores e acionista defendendo um ponto de vista ou entre religiosos defendendo a simplicidade e a liberdade. Já causei polêmicas. Fui odiado e amado. Chorei derrotas e comemorei vitórias, mas procurei não gastar meus dias com banalidades. Aprendi muito com as derrotas e sofri com os meus medos, complexos e deslizes. Procurei ser nobre nas minhas ações. Quando procuraram me colocar sob holofotes, fugi. Não tive pretensão de ser estrela à custa dos ideais que defendia. Eu era apenas instrumento inspirado por um Deus Justo e misericordioso.

Sei o que é a dor da perda que estraçalha o peito, atravessa a alma e destrói o equilíbrio. Já chorei copiosamente por 40 minutos, trancado em um banheiro, lamentando o que poderia ser evitado se eu chegasse mais cedo. Desperdicei milagres que não se repetem com as labutas do dia a dia. Como Oskar Schindler fui impossibilitado de alcançar todos. Abandonei os discursos para viver na prática, sentir na pele e influenciar pela convivência. Sofri com os sofrimentos dos outros e alegrei-me com as felicidades alheias.

Amei silenciosamente um amor impossível que foi combustível para alimentar minha alma com poesia e leveza. Criei limitações por complexos e as afoguei nos mares da desilusão assim como os marinheiros afogam suas carências nos bares próximos ao porto. Sofri com relacionamento difícil, mais fui fiel ao juramento, estando na eminência de desistir, Deus me deu forças e calei o óbvio, tranformei o que poderia ser decepção em benção de Deus. Magoei quem não merecia. Fui irresponsável com sentimentos alheios e sofri com sentimentos de culpa.

Assim vivi mais da metade da vida. Como projetar os anos que me restam? Estou apostando nos relacionamentos! Revelar o que escondi. Viver sem representações e pedir perdão a quem magoei. Rever os amigos e ouvi-los. Celebrar a liberdade que conquistei com toda paixão e viver a plenitude de meus ideais. Amar...

Quero enfrentar o outono com as ousadias da primavera. Vencer os gigantes que me derrotaram. Agradecer meu Deus por cada alvorecer. Tenho medo de depender dos outros. Não quero ter a alma frustrada. Quero encarar o meu entardecer dizendo que minha vida valeu à pena.

Marcos Avelino – O Marcão