ESTILOS DE LIDERANÇAS NA IGREJA HOJE
Vivemos hoje na era da informação. Mudou o comportamento e os anseios das pessoas. As transformações pós modernas trazidas pela globalização afetam o cristianismo. Juntando a mistura teológica de hoje com a cosmovisão que trazemos para o cristianismo ao ser convertido e a herança que herdamos dos sistemas eclesiásticos, geraram vários estilos de lideranças na igreja. É preciso refletirmos nestes modelos de liderança. É preciso conhecermos qual o perfil de obreiro de algumas tendências administrativas modernas. Citarei apenas três casos: a liderança em que tudo gira em torno da instituição, a liderança que tudo gira em torno da pessoa do líder e o estilo que na minha opinião é o que a igreja precisa para enfrentar este milênio.
1 - LÍDER INSTITUCIONAL
Líder admirado, cercado por um grande número de seguidores. Introduziu dentro da administração da igreja o patriarcado institucional. O sonho de megas igrejas e grandes estruturas são comuns a todos os simpatizantes deste estilo gerencial de administração eclesiástica. O patriarca geralmente é o líder que começou o movimento ou fundou a denominação. A administração é verticularizada com uma hierarquia clerical.
Implicação na igreja
A igreja é forte como instituição e frágil em sua missão. A reflexão é substituída por respostas simplistas, mecânicas e fórmulas mágicas.
A igreja perde a identidade, pois se equipa exclusivamente como exército. Os membros não mantêm comunhão entre si. Todos vão à igreja em busca de um objetivo comum – as bênçãos de Deus. O crente deixa de exercer seu sacerdócio e não há mais razão de se chamar igreja “ekklesia”, pois se assemelha a uma empresa da fé.
A igreja só investe onde certamente poderá ter retorno financeiro, geralmente localiza-se nos grandes centros urbanos.
Este estilo gerencial cria soldados individualistas que lutam por suas próprias causas e oficiais que aproveitam o máximo que podem tirar financeiramente dos soldados em benefício da organização. A igreja trabalha com multidão e não com indivíduo. Os membros não criam vínculo com a instituição e não tem convicção própria.
Resumo do perfil do líder institucional
- Enfatiza o desenvolvimento institucional.
- Subordinados cumpre programas da instituição.
- Produz líderes com perfil da instituição.
- Ministério orientado pela necessidade da instituição
- Metas estabelecidas pela instituição.
- Estimula os subordinados a explorarem as necessidades dos membros.
- Apenas o patriarca toma decisões finais.
- Apoiam o sistema para o bem da instituição.
- A promoção vem por retorno financeiro que o líder consegue para instituição.
2 - LÍDER DE FRENTE
Líder semi-paternalista, arrasta atrás de si uma estrutura de pessoal muito forte, conduz um pseudo crescimento em alta velocidade, produzindo um vazio que vai de encontro ao verdadeiro crescimento. Cria muitos auxiliares para serem seus subordinados. Gerencia a igreja, busca o sucesso acima de tudo, pois o tem como benção de Deus. Acredita que o status religioso cresce à medida que se tornam ocupados. Faz questão de mostrar serviço embora a maioria dos seus grandes projetos vise autopromoção. Sente-se realizado quando é admirado como celebridade.
Cosmovisão filosófica religiosa
São líderes com cosmovisão episcopal que buscam auto afirmação. As atividades giram em torno do líder e dos programas criados por ele. As avaliações são feitas em base do comprimento de programas em prol do sucesso do líder. São líderes de visão neoliberal, e que buscam valores da sociedade atual. São individualistas e egoístas. Para conseguir seus objetivos não se importa em usar as pessoas, estas são apenas possibilidades e meios para se alcançar alvos. Na sua maneira de pensar nunca ninguém está preparado para substituí-lo.
Implicação na igreja
Este é o líder predominante na igreja hoje. São os que têm uma ascensão ministerial rápida. O vazio deixado por este tipo de liderança é que jamais a igreja vai crescer em maturidade espiritual e amadurecimento teológico. Não há tempo para capacitação dos vários auxiliares eleitos. Neste estilo gerencial de administração eclesiástica o sacerdócio do crente fica ofuscado pela falta de ferramenta.
Os seguidores do líder de frente enfrentarão problemas com uma guerra por posições hierárquicas dentro da igreja por líderes despreparados.
3 - Resumo do perfil do líder de frente.
- Enfatiza o desenvolvimento individual.
- Subordinados geralmente trabalham sobre pressão.
- Produz líderes individualistas e incapacitados.
- Ministério orientado pela vontade do supervisor.
- Metas estabelecidas pelo supervisor.
- Incentiva subordinados a se superarem.
- Tem por base uma hierarquia baseada na política.
- Tomam decisões impondo-as a congregação.
- Exploram as pessoas para manter o sistema.
- A promoção vem por mostrar valores que ajudem ao líder
ou por amizade.
3 - LÍDER CAPACITADOR
Este é o líder que capacita e coloca cada crente como seu parceiro na obra. Cria situações onde teoricamente os crentes absorvam sua própria ação de liderança. Discipula e deixa que os membros pratiquem. Equipa os crentes para a obra no ministério. Está em contínuo contato com os membros e descobre ministérios.
1 - Cosmovisão filosófica religiosa
São líderes com visão de uma igreja participativa e voltados para os relacionamentos. As atividades giram em torno da capacitação dos crentes. Os grupos produzem seus líderes para o crescimento da igreja em unidade. Acredita que cada membro é mordomo e servo. Sua principal função e equipar os membros para a obra do ministério. São líderes com visão bíblica onde liderança e discipulado caminham juntos.
2 - Implicação na igreja
A igreja é uma comunidade e aprende a ter uma visão cristã da cultura, da vida política, social e religiosa. Os crentes tornam-se íntimos e atuantes na sociedade. Há relacionamentos e união verdadeira entre a comunidade dos discípulos.
3 - Resumo do perfil do líder capacitador
- Enfatiza o desenvolvimento dos crentes.
- Os discípulos trabalham com liberdade.
- Capacita líderes com visão bíblica.
- Ministério orientados pelos dons.
- A visão é dada ao grupo por Deus.
- Incentiva os discípulos a ajudarem aos outros.
- Tem por base a cooperação.
- Escutam as pessoas antes de tomarem decisões.
- Reflete no sistema para desenvolver discípulos.
- A promoção vem com a humildade, serviço e por um cará-
ter cristão.
4 - DIFICULDADES DE IMPLATAÇÃO DE UMA LIDERAN-
ÇA CAPACITADORA
Dos três estilos de liderança citados acima, o institucional é comparado com o dono, o líder de frente é comparado com o gerente e o capacitador se identifica com o servo. Existe um sincretismo destes estilos com a cosmovisão que trazemos de religião anterior a quem pertencíamos e os valores sociais dos líderes de hoje. Isso tudo gera comportamentos que dificultam a ação e implantação da liderança capacitadora. Vejamos alguns:
a) seletividade. Nasce da idéia do líder sentir-se superior aos demais membros da congregação, da vontade do homem ter status social mesmo que seja religioso. O ser humano gosta de sentir-se seleto, superior. O líder gosta de ser chamado de “pastor” da congregação. Há uma forte divisão entre liderança e membros feito pelo líder.
b) Paternalismo. Reflexo de nossa cultura, está no fato do líder conduzir os membros sobre sua vontade, impedindo o povo de tomar decisões próprias, evitando dividir sua liderança.
c) Oligarquismo familiar. Nasce do desejo do líder manipular o poder e querer ocupar todos os cargos da congregação. Ele consegue isso colocando a família toda na liderança. As vezes tira de um cargo e persegue a pessoa que tem o dom dado por Deus para colocar membros da família. Direção de louvor, departamento de senhoras e departamento de mocidade são os principais alvos.
Devemos confrontar constantemente nossa teologia com as revelações da palavra de Deus. É preciso termos a coragem de defender o que acreditamos ser bíblico, e não comprometer nossas convicções de fé em busca de projeção pessoal, ministerial ou cargos eclesiásticos. Nossa liderança deve ser do caminhar, do influenciar pelo atos e pelo testemunho de vida. O evangelho de Jesus é de fazer discípulos e de marcar e ser reconhecidos pelos frutos.
O povo de Israel depois de ter saído do Egito com todas maravilhas feitas pelo Senhor, ainda seduzidos pelas riquezas do Egito preferiam voltar a ser escravos do que lutar por uma causa no deserto.
Hoje a igreja seduzida por momentos de júbilos, sucesso, prosperidade prefere viver escravizada pelo sistema que a mantém sem rumo do que ter relacionamento com Deus e com o próximo. Prefere ser uma instituição acéfala do que ser “ekklesia” tendo Cristo como cabeça.
Para lutarmos pela a causa de Deus é preciso de estratégias. Deus nos dá as estratégias certas. Ele nos ajudará a derrubar as muralhas da seletividade, do paternalismo e da oligarquia familiar. Ele nos guiará quando estivermos navegando contra as correntes do imperialismo religioso.
“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." (Romanos 12:8)
Marcos Avelino – O Marcão