quarta-feira, 19 de maio de 2010

SOBRE LIDERANÇA E ADMINISTRAÇÃO - V

1-VANTAGEM DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Uma grande vantagem do planejamento estratégico é o envolvimento de toda a comunidade no projeto, através de oração e ação para o crescimento do reino.

Vemos os frutos de um planejamento estratégico na eficiência e eficácia em realizar a obra do Senhor. Outra vantagem do planejamento estratégico está na excelência da instituição como “igreja”. Vejamos alguns pontos que poderíamos indicar como vantagem para igreja..

- Apologia do fazer, tentar e acertar

- Orientação para o serviço cristão

- Estimula a inovação de métodos de trabalho (movimentação

e inovação)

- Confiança nos ministérios dos membros da igreja

- Pastores com “mão na massa” transferindo valores para

seus orientados

- Objetivos comum, apesar das diversidades dos dons de cada

membro

-Organização orientada pelo Espírito sem a verticularização

secular

- Satisfação, liberdade e controle

- Comprometimento de todos na obra do Senhor

- Permite que a igreja avalie os diversos passos tomados.

2 – PLANO OPERACIONAL

“Plano operacional é um conjunto articulado de programas, projetos e ações”. Na minha visão a estratégia e para todos os membros e o plano operacional é para uma liderança capacitadora. A igreja escolhe democraticamente seus líderes para organizar a participação administrando os recursos em níveis diferentes, utilizando os dons naturais de cada membro de acordo com o nível em que ele se enquadrar melhor. O plano operacional é uma ferramenta da liderança capacitadora.

Podemos dividir o plano operacional em três etapas:

a. Ter idéia como operacionar o trabalho da igreja

b. Escolher o tipo de cooperador (membro) que é necessário em

cada nível. ( escolha atraves da oração)

c. Escolher as pessoas para estratégia em cada nível

É preciso um acompanhamento do andamento do plano estratégico e a verificação periódica do comprimento de metas.

Questões a serem verificadas pela liderança:

- Todos os membros da igreja está envolvido?

- O plano está funcionando de acordo com o previsto?

- Apresenta visão bíblica?

- Cooperador (membro) capacitado?

- Edificando as vidas?

- Moldando caráter cristão?

Vejamos um pequeno exemplo de um modelo de acompanhamento do plano estratégico para uma congregação.

a).A liderança em conjunto com a igreja elabora o planejamento estratégico e escolhe os diversos departamentos. A liderança orienta sobre as necessidades cristãs.

b).A liderança em conjunto com a igreja escolhe os membros para cada departamento de acordo com os dons de cada um.

c).Cada departamento democraticamente escolhe seus líderes.

d).A liderança trabalha na capacitação de cada líder dos diversos departamentos ou ministérios. Explica-se a visão da igreja e os pormenores do plano estratégico. Instrui cada líder a capacitação dos cooperadores de cada departamento.

e).Cada líder de departamento em conjunto com seus cooperadores traçam suas estratégias e fixam metas.

f).Cada líder de departamento apresentam as estratégias e metas de cada departamento para a liderança da igreja.

g).Liderança e líderes de departamentos se reúnem periodicamente para verificar o cumprimento de metas e a eficácia da estratégia e oferecer a ajuda necessária aos departamentos que não estão conseguido cumprir as metas estabelecidas.

Obs. É preciso ter cuidado para as metas não serem apresentadas apenas em alvos quantitativos.

A falta de estratégia na igreja é uma das maiores dificuldades para expansão do cristianismo no meio das filosofias de hoje.

BIBLIOGRAFIA

ORR, Roberto A., Liderança que realiza, ORR, Alberta – Canadá,1994

ZACCARELLI, Sérgio B., Estratégias modernas nas empresas, zarco editora, São Paulo,1996

 

Marcos Avelino – o Marcão

SOBRE LIDERANÇA E ADMINISTRAÇÃO - IV

1 – DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIA

Quando se fala em estratégia relacionamos logo ao militarismo. Os dicionários a relaciona com tática militar. Fazemos parte de um exército que está na frente “onde a luta se travar”. Devemos aprender a colocar em prática as estratégias que o grande General tem para nós.

Das quatro definições que o dicionário Aurélio tem de estratégia, apenas um não é empregado especificamente ao uso militar. Define estratégia como: “a arte de aplicar meios disponíveis com vista a consecução de objetivos específicos.”

Vejamos algumas definições :

· “Estratégia é um referencial, um guia, para auxiliar executivos na solução de certos problemas.

· “Estratégia é a luta para superar as limitações de recursos através de uma busca criativa e infindável da melhor alavancagem de recursos.

· “Estratégia é um plano de ação apropriado para as decisões sobre ações interativas.

Vejamos alguns textos bíblicos que falam de estratégia:

“Se algum de vós está querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que acabar? Para que aconteça que depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que virem comecem a escarnecer dele, dizendo: este homem começou a edificar a não pode acabar.

Qual é o rei que indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?” (Lc 14: 28-31)

“Não é bom proceder sem refletir e peca quem é precipitado” (Pv: 19:2)

Com base nos conceitos acima poderíamos definir plano estratégico da igreja como: planejamento estratégico é usar a fé em Deus e usar sua orientação para superar as nossas limitações e estabelecer planos de ação para o futuro.

2 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Precisamos de estratégias para tornar as coisas mais eficientes, dentro da visão bíblica e cumprir os objetivos básicos da nossa comunidade de fé. Estas estratégias devem buscar um envolvimento dos crentes, equipando-os para obra. Deve haver parceria entre discipuladores e discípulos.

Os sistemas eclesiásticos que favorecem a um planejamento estratégico são o presbiteriano e o congregacional. O único estilo de liderança em que podemos implantar um planejamento estratégico com visão bíblica é o de uma liderança capacitadora.

A necessidade de implantação de uma estratégia para adequar a igreja a um modelo mais bíblico, normalmente se dá pelas seguintes razões:

a) Conscientização da liderança. Onde há maior possibilidade da eficácia da estratégia. A liderança escuta a voz do Espírito de Deus e abre espaços para que o Senhor possa agir na igreja. Detecta males que sorrateiramente vão entrando na igreja, desviando a igreja de sua missão, levando-a a perda de identidade.

b) Conscientização da igreja. Geralmente ocorre quando o sistema “gerencial” da igreja torna-se infrutífero. Quando o culto torna-se frio e sem vida. Quando num contexto de insatisfação causada por líderes paternalistas, ou líderes com estilo gerencial de líder de frente. Quando a seletividade ou a oligarquia familiar retém o desenvolvimento da igreja.

Geralmente o plano estratégico não é implantado de imediato, algumas vezes é só iniciado e abandonado e outras vezes é implantado com sucesso depois de algum tempo.

c) Modismo. Quando algumas igrejas mudam o sistema administrativo porque outras já mudaram com sucesso. Este é o mais ineficiente das razões e não chega a uma conscientização plena da liderança e o planejamento é abandonado no caminho.

Um plano estratégico para igreja hoje deve trabalhar nos seguintes pontos:

- Discipulado bíblico;

-Aplicação do ensino bíblico na vida diária;

- Foco no amor e no relacionamento entre os crentes;

- Foco no senso de comunidade dentro da igreja;

- Ênfase na doutrina do sacerdócio do crente;

- Fortalecimento da família.

2.1 – QUESTÕES FUNDAMENTAIS DO PLANO ESTRATÉ-

GICO

São cinco as questões fundamentais a ser definida pelo planejamento estratégico.

a) a responsabilidade do planejamento.

Nas pequenas comunidades é comum a ação sem plano específico, não fazem projeto de longo, médio e curto prazo. As pessoas que estão a frente da igreja geralmente tomam decisões nos púlpitos, alegando está inspirado por Deus. O membro ou uma liderança formada não tem quase nenhuma participação nas decisões tomadas pelo dirigente da igreja. Este é o modelo não bíblico.

A responsabilidade nas decisões também é da igreja (ekklesia) do Senhor (At 1:15-26;6:2-6;14:23 I Co 16:3)

A igreja neotestamentária tem a visão da “ekklesia” chamada a parte para ser participativa. A igreja deve participar da estratégia fixando alvos e traçando planos.

Estratégia é um assunto para todos os membros, pois ela pertence ao Espírito que habita em todos os que foram chamados a parte para fazer a obra do Senhor.

“Onde não há conselho frustam-se os projetos, mas com a multidão de conselheiros eles se estabelecem” (Pv 15:22)

b) O ponto de partida

Este é um momento crucial para iniciar a estratégia. Geralmente a liderança influenciada pela filosofia do final da modernidade e por conceitos da pós modernidade, não reflete sobre a situação interna. A visão tem que se voltar para a edificação das vidas.

É preciso refletirmos no tipo de igreja atual, nas dificuldades que enfrentamos, nos problemas mais comuns e nos recursos disponíveis. Precisamos saber o ponto de partida para traçarmos metas sobre como atingir o ponto de chegada

c) O ponto de chegada

Ter a visão onde se quer chegar é ajustarmos ao plano de Deus. A “ekklesia” tem que se reunir para traçar alvos.(Lc 14:28 ; 31 At 6: 2-6 ; At 15: 6 ; I Co 16:3). As estratégias devem ser fixada em cima de alvos. É preciso todos terem em mente o tipo de igreja a implantar, os objetivos e as metas para atingir estes objetivos.

d) O procedimento

Neste momento o poder inspirador do Espírito Santo na “ekklesia” é de fundamental importância, pois o realizar do plano deve está em ciclonia com o plano de Deus.

O Espírito coloca no coração da “ekklesia”os caminhos a traçar para atingir objetivos e cumprir a estratégia de Deus, usando nossas estratégias.

As estratégias e alvos devem ser conhecidos de toda congregação. Devemos ouvir as diversas opiniões. A igreja que tem objetivos prepara-se para os cumprir. Pessoas devem ser capacitadas para cumprir a grande comissão através das estratégias da comunidade.

e).Recursos disponíveis

É de grande importância saber os recursos disponíveis para por em prática um planejamento estratégico. Para cumprir o planejamento estratégico é preciso recursos de pessoas e financeiros. Esses determina como iremos traçar nossos alvos para atingir nossos objetivos. Os recursos humanos tem primazia sobre os demais. Os membros estão realmente capacitados? Estão no ministério certo? É preciso ter confiança nos ministérios dos crentes da igreja.

 

BIBLIOGRAFIA

ORR, Roberto A., Liderança que realiza, ORR, Alberta – Canadá,1994

ZACCARELLI, Sérgio B., Estratégias modernas nas empresas, zarco editora, São Paulo,1996

 

Marcos Avelino – O Marcão

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quinta-feira, 6 de maio de 2010

SOBRE LIDERANÇA E ADMINISTRAÇÃO (Parte III)

ESTILOS DE LIDERANÇAS NA IGREJA HOJE

Vivemos hoje na era da informação. Mudou o comportamento e os anseios das pessoas. As transformações pós modernas trazidas pela globalização afetam o cristianismo. Juntando a mistura teológica de hoje com a cosmovisão que trazemos para o cristianismo ao ser convertido e a herança que herdamos dos sistemas eclesiásticos, geraram vários estilos de lideranças na igreja. É preciso refletirmos nestes modelos de liderança. É preciso conhecermos qual o perfil de obreiro de algumas tendências administrativas modernas. Citarei apenas três casos: a liderança em que tudo gira em torno da instituição, a liderança que tudo gira em torno da pessoa do líder e o estilo que na minha opinião é o que a igreja precisa para enfrentar este milênio.

1 - LÍDER INSTITUCIONAL

Líder admirado, cercado por um grande número de seguidores. Introduziu dentro da administração da igreja o patriarcado institucional. O sonho de megas igrejas e grandes estruturas são comuns a todos os simpatizantes deste estilo gerencial de administração eclesiástica. O patriarca geralmente é o líder que começou o movimento ou fundou a denominação. A administração é verticularizada com uma hierarquia clerical.

Implicação na igreja

A igreja é forte como instituição e frágil em sua missão. A reflexão é substituída por respostas simplistas, mecânicas e fórmulas mágicas.

A igreja perde a identidade, pois se equipa exclusivamente como exército. Os membros não mantêm comunhão entre si. Todos vão à igreja em busca de um objetivo comum – as bênçãos de Deus. O crente deixa de exercer seu sacerdócio e não há mais razão de se chamar igreja “ekklesia”, pois se assemelha a uma empresa da fé.

A igreja só investe onde certamente poderá ter retorno financeiro, geralmente localiza-se nos grandes centros urbanos.

Este estilo gerencial cria soldados individualistas que lutam por suas próprias causas e oficiais que aproveitam o máximo que podem tirar financeiramente dos soldados em benefício da organização. A igreja trabalha com multidão e não com indivíduo. Os membros não criam vínculo com a instituição e não tem convicção própria.

Resumo do perfil do líder institucional

- Enfatiza o desenvolvimento institucional.

- Subordinados cumpre programas da instituição.

- Produz líderes com perfil da instituição.

- Ministério orientado pela necessidade da instituição

- Metas estabelecidas pela instituição.

- Estimula os subordinados a explorarem as necessidades dos membros.

- Apenas o patriarca toma decisões finais.

- Apoiam o sistema para o bem da instituição.

- A promoção vem por retorno financeiro que o líder consegue para instituição.

2 - LÍDER DE FRENTE

Líder semi-paternalista, arrasta atrás de si uma estrutura de pessoal muito forte, conduz um pseudo crescimento em alta velocidade, produzindo um vazio que vai de encontro ao verdadeiro crescimento. Cria muitos auxiliares para serem seus subordinados. Gerencia a igreja, busca o sucesso acima de tudo, pois o tem como benção de Deus. Acredita que o status religioso cresce à medida que se tornam ocupados. Faz questão de mostrar serviço embora a maioria dos seus grandes projetos vise autopromoção. Sente-se realizado quando é admirado como celebridade.

Cosmovisão filosófica religiosa

São líderes com cosmovisão episcopal que buscam auto afirmação. As atividades giram em torno do líder e dos programas criados por ele. As avaliações são feitas em base do comprimento de programas em prol do sucesso do líder. São líderes de visão neoliberal, e que buscam valores da sociedade atual. São individualistas e egoístas. Para conseguir seus objetivos não se importa em usar as pessoas, estas são apenas possibilidades e meios para se alcançar alvos. Na sua maneira de pensar nunca ninguém está preparado para substituí-lo.

Implicação na igreja

Este é o líder predominante na igreja hoje. São os que têm uma ascensão ministerial rápida. O vazio deixado por este tipo de liderança é que jamais a igreja vai crescer em maturidade espiritual e amadurecimento teológico. Não há tempo para capacitação dos vários auxiliares eleitos. Neste estilo gerencial de administração eclesiástica o sacerdócio do crente fica ofuscado pela falta de ferramenta.

Os seguidores do líder de frente enfrentarão problemas com uma guerra por posições hierárquicas dentro da igreja por líderes despreparados.

3 - Resumo do perfil do líder de frente.

- Enfatiza o desenvolvimento individual.

- Subordinados geralmente trabalham sobre pressão.

- Produz líderes individualistas e incapacitados.

- Ministério orientado pela vontade do supervisor.

- Metas estabelecidas pelo supervisor.

- Incentiva subordinados a se superarem.

- Tem por base uma hierarquia baseada na política.

- Tomam decisões impondo-as a congregação.

- Exploram as pessoas para manter o sistema.

- A promoção vem por mostrar valores que ajudem ao líder

ou por amizade.

3 - LÍDER CAPACITADOR

Este é o líder que capacita e coloca cada crente como seu parceiro na obra. Cria situações onde teoricamente os crentes absorvam sua própria ação de liderança. Discipula e deixa que os membros pratiquem. Equipa os crentes para a obra no ministério. Está em contínuo contato com os membros e descobre ministérios.

1 - Cosmovisão filosófica religiosa

São líderes com visão de uma igreja participativa e voltados para os relacionamentos. As atividades giram em torno da capacitação dos crentes. Os grupos produzem seus líderes para o crescimento da igreja em unidade. Acredita que cada membro é mordomo e servo. Sua principal função e equipar os membros para a obra do ministério. São líderes com visão bíblica onde liderança e discipulado caminham juntos.

2 - Implicação na igreja

A igreja é uma comunidade e aprende a ter uma visão cristã da cultura, da vida política, social e religiosa. Os crentes tornam-se íntimos e atuantes na sociedade. Há relacionamentos e união verdadeira entre a comunidade dos discípulos.

3 - Resumo do perfil do líder capacitador

- Enfatiza o desenvolvimento dos crentes.

- Os discípulos trabalham com liberdade.

- Capacita líderes com visão bíblica.

- Ministério orientados pelos dons.

- A visão é dada ao grupo por Deus.

- Incentiva os discípulos a ajudarem aos outros.

- Tem por base a cooperação.

- Escutam as pessoas antes de tomarem decisões.

- Reflete no sistema para desenvolver discípulos.

- A promoção vem com a humildade, serviço e por um cará-

ter cristão.

4 - DIFICULDADES DE IMPLATAÇÃO DE UMA LIDERAN-

ÇA CAPACITADORA

Dos três estilos de liderança citados acima, o institucional é comparado com o dono, o líder de frente é comparado com o gerente e o capacitador se identifica com o servo. Existe um sincretismo destes estilos com a cosmovisão que trazemos de religião anterior a quem pertencíamos e os valores sociais dos líderes de hoje. Isso tudo gera comportamentos que dificultam a ação e implantação da liderança capacitadora. Vejamos alguns:

a) seletividade. Nasce da idéia do líder sentir-se superior aos demais membros da congregação, da vontade do homem ter status social mesmo que seja religioso. O ser humano gosta de sentir-se seleto, superior. O líder gosta de ser chamado de “pastor” da congregação. Há uma forte divisão entre liderança e membros feito pelo líder.

b) Paternalismo. Reflexo de nossa cultura, está no fato do líder conduzir os membros sobre sua vontade, impedindo o povo de tomar decisões próprias, evitando dividir sua liderança.

c) Oligarquismo familiar. Nasce do desejo do líder manipular o poder e querer ocupar todos os cargos da congregação. Ele consegue isso colocando a família toda na liderança. As vezes tira de um cargo e persegue a pessoa que tem o dom dado por Deus para colocar membros da família. Direção de louvor, departamento de senhoras e departamento de mocidade são os principais alvos.

Devemos confrontar constantemente nossa teologia com as revelações da palavra de Deus. É preciso termos a coragem de defender o que acreditamos ser bíblico, e não comprometer nossas convicções de fé em busca de projeção pessoal, ministerial ou cargos eclesiásticos. Nossa liderança deve ser do caminhar, do influenciar pelo atos e pelo testemunho de vida. O evangelho de Jesus é de fazer discípulos e de marcar e ser reconhecidos pelos frutos.

O povo de Israel depois de ter saído do Egito com todas maravilhas feitas pelo Senhor, ainda seduzidos pelas riquezas do Egito preferiam voltar a ser escravos do que lutar por uma causa no deserto.

Hoje a igreja seduzida por momentos de júbilos, sucesso, prosperidade prefere viver escravizada pelo sistema que a mantém sem rumo do que ter relacionamento com Deus e com o próximo. Prefere ser uma instituição acéfala do que ser “ekklesia” tendo Cristo como cabeça.

Para lutarmos pela a causa de Deus é preciso de estratégias. Deus nos dá as estratégias certas. Ele nos ajudará a derrubar as muralhas da seletividade, do paternalismo e da oligarquia familiar. Ele nos guiará quando estivermos navegando contra as correntes do imperialismo religioso.

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." (Romanos 12:8)

Marcos Avelino – O Marcão

quarta-feira, 5 de maio de 2010

SOBRE LIDERANÇA E ADMINISTRAÇÃO (Parte II)

HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA

Acredito que a igreja primitiva não tinha um sistema eclesiástico definido. Era uma combinação do sistema presbiteriano com o congregacional. As igrejas naquela época tinham forma de governo diferenciada como hoje, mas em todo os casos a igreja era participativa.

A palavra igreja “ekklesia” no grego, era uma assembléia de cidadãos convocados para uma reunião administrativa. Era a reunião dos “eklectoi”, reunidos para discutir assuntos políticos do estado. “ekklesia” deriva do verbo “ekkaleo” que significa chamar a parte.

“Ekklesia” era uma assembléia legal, numa cidade grega, formada por todos que tivessem direito de cidadania (chamado a parte) para tratar de assuntos públicos.

Para uso do cristianismo poderíamos dizer que “ekklesia” é a reunião de crentes, organizados para manutenção das atividades normais da vida cristã, ( doutrina, ordenança, administração) tendo comunhão entre si e com Cristo.

Tanto no sistema presbiteriano como no congregacional temos uma ekklesia participativa nas decisões tomadas.

A “ekklesia” do novo testamento era um grupo organizado que estava ativamente engajado no comprimento da grande comissão. Dessa organização apenas Cristo era o cabeça. Os crentes mantinham comunhão uns com os outros e com Cristo.

1 – SISTEMAS ECLESIÁSTICOS NA IGREJA PRIMITIVA

A igreja primeiramente parecia ser um corpo auto governante e o sistema eclesiástico era semelhante ao congregacional. Os novos líderes eram escolhidos pelos membros, entre os homens capacitados pelo Espírito. Os líderes eram ordenados pelos apóstolos. Vejamos as primeiras ações administrativas na igreja de Jerusalém.

A chamada para o ministério era feita em três dimensões:

a) interna – O Espírito capacitava com dons.

b) externa – A igreja escolhia por voto democrático.

c) ordenança – Os apóstolos ordenavam ao exercício

ministerial.

Não havia um corpo especial de líderes diferenciados dos leigos, pois todos eram sacerdotes com acesso direto a Deus através de Cristo.

As igrejas escolheram seus anciãos ( presbíteros), depois de orarem com jejuns, buscando a orientação do Espírito Santo e de comum acordo com os apóstolos (At 14:23). As igrejas também escolheram representantes para levarem ajuda as igrejas necessitadas em período de crise. (At 11:27-30;I Co 16:3;II Co 9:1-5)

Para manutenção da pureza doutrinária, reuniu-se em Jerusalém o primeiro presbitério (At 15: 6-29). Um sistema semelhante ao presbiteriano nasceu para proteger a igreja contra as falsas doutrinas e contra a ameaça do legalismo. (At 15:6-29; At 20:20-30; Tt 1:5-16). O governo da igreja neste período passou a ser uma junta de anciãos ( pastores e presbíteros) que administravam as congregações locais, tendo os diáconos como auxiliares administrativos. A supervisão geral ficava com os apóstolos.

Não encontro base bíblica para o sistema episcopal, mas algumas literaturas extra bíblica nos fornecem alguns dados importantes. Dizer que Pedro foi o primeiro bispo, contradiz o conceito de bispo monárquico. Foi Tiago e não Pedro que assumiu a posição de liderança no concílio de Jerusalém (At 15: 13,19). Paulo resistiu a Pedro face a face ( Gl1:11). “Os bispos quando citados na bíblia, formavam uma junta de oficiais da congregação local (Fl 1:1)”

Entre os anos 100 e 313 a igreja sofria forte perseguição externa e problemas internos com ensinos heréticos. Surgiu neste período, como garantia da unidade doutrinária da igreja, a obediência aos bispos monárquicos. Esta foi uma estratégia administrativa da igreja para manter a unidade doutrinária.

Inácio , pai apostólico, bispo de Antioquia na Síria, viveu no século II A.D, foi grande defensor do episcopado. Nas cartas de Inácio, há evidências precisas que em cada igreja um presbítero tinha se tornado um bispo monárquico ao qual os outros presbíteros deviam obedecer. Segundo Inácio, em sua epístola aos Trálios capítulo 3, a hierarquia de autoridade da igreja é: bispo, presbíteros e diáconos. E sem esta ordem não haveria igreja.

Escolher um apóstolo para substituir Judas Iscariotes foi a primeira ação administrativa da igreja (At 1: 15-26). Foi uma escolha democrática e com orações (At 1: 24-26). A igreja cresceu e precisou de mais líderes para ajudar na administração, então escolheram os diáconos (At 6: 1-7). Esta escolha não foi feita por indicação hierárquica, mas democraticamente pela “comunidade dos discípulos”, ou seja a igreja.

pais da igreja ocidental como Clemente, Irineu e Cipriano defendiam que a sucessão apostólica na hierarquia promoveria a unidade e era uma garantia contra o cisma. Essa estratégia administrativa segundo Inácio e Irineu, seria a melhor maneira contra as heresias e manteria a verdadeira doutrina.

O episcopado que nasceu como estratégia administrativa contra as heresias, verticularizou a estrutura organizacional da igreja, e paulatinamente virou formador de heresias. A política começou a fazer parte da sucessão apostólica, os bispos de cidades mais importantes passou a ter superioridade sobre os outros bispos. Desenvolveu a doutrina do primado de Pedro. A igreja passou a funcionar como exército da fé e aos poucos foi perdendo a noção de comunidade. A ekklesia deixou de ser participativa e surgiu a diferenciação entre clero e leigos. Começou a haver disputa por posições hierárquicas.

2 - DIVISÃO FUNCIONAL DA IGREJA PRIMITIVA

A divisão funcional dos líderes na igreja primitiva podiam ser classificados em duas classes: os líderes carismáticos e os líderes administrativos.

1) Líderes carismáticos

Tinham por função a proclamação e preservação das verdades do evangelho. Eram escolhidos por Cristo, através da ação do Espírito Santo, para exercer liderança na igreja. Vejamos o texto de efésios 4:11

“E Ele mesmo concedeu uns para apóstolo, outros para profetas, outros para evangelistas e outro para pastores e mestres”.

a) apóstolos – eram supervisores da igreja primitiva, e reunia em seu ministério as funções exercidas por vários líderes.

b) profetas – eram os que proclamavam a palavra de Deus.

c) evangelistas – eram os que anunciavam as boas novas em locais ainda não atingidos (At 21:8)

d) pastor – mestre – eram os que tinham a responsabilidade de ensinar e cuidar da maturidade dos crentes.

No didaquê, o livro das doutrinas dos apóstolos, no capítulo 10:7 e no capítulo 11: 1-12 tem bons ensinamentos sobre os ofícios citados acima.

2) Líderes administrativos

Tinham por função exercer tarefas administrativas dentro das igrejas locais. Eram escolhidos democraticamente com consenso de toda igreja. Estes líderes tinham seus serviços ligados a congregação local. Surgiram quando a igreja cresceu e os apóstolos sobrecarregados tiveram que dividir funções. São eles:

a) anciãos (presbuteros) e bispos (episkopos) era o mesmo ofício (At 20:17; Fp 1:1; Tt 1:5-7). A separação veio no segundo século com o surgimento do bispo monárquico. Os presbíteros dirigiam os cultos públicos (I Tm5:17; Tt 1:9) e eram responsáveis pela administração e pela a disciplina da igreja local.(At 20:20; I Tm 5:17; I Pe 5:1-6).

b) diáconos (diakonos) era aquele que governava e servia. Tinha atuação funcional subordinada a dos presbíteros. A execução de serviços na igreja era a sua principal função ( distribuir ceias as viúvas, distribuição de elementos da santa ceia, recolhimentos de ofertas, etc...).

Até a próxima

Marcos Avelino – O Marcão

Bibliografia.

ADOLF DEISSMAN, Paul, a study in social and religious history, Londres, Hodder and Sloughton, 1962 ap.I)

CAIRNS, Earle E., O cristianismo através dos séculos, Vida Nova, São Paulo, 1995

GRENZ, Stanley J, Pós modernismo, Vida Nova, São Paulo, 1997

OLIVEIRA, Raimundo, eclesiologia, ler As grandes doutrinas da bíblia, CPAD, Rio de janeiro, 1987 v./ pp 249-284

SOBRE ADMINISTRAÇÃO E LIDERANÇA (Parte I)

Vivemos no meio de ideologias diferentes. Existem várias teologias diferentes que nos levam a refletir: Será que o cristianismo que estamos vivendo é bíblico? Será que os modelos administrativos da igreja de hoje é fundamentado na bíblia? Será que Deus se importa com a administração da igreja?

Estamos vivendo numa sociedade em transformação e que está sofrendo tendências a ser comunitária. A cosmovisão pós moderna determina como verdade aquilo que foi aprovado e embasado na comunidade. Os pós modernos afirmam que a verdade é relativa a comunidade a qual participamos. A liderança centralizada numa pessoa vai cedendo lugar a liderança comunitária, diante destas transformações sociais a administração eclesiástica pós moderna será voltada para os sistemas eclesiásticos em que a comunidade dos discípulos é participativa.

Não pretendo definir uma regra para a administração da igreja, esta pertence a Cristo (Ef 4:11). Cristo deu origem a administração eclesiástica quando escolheu os doze apóstolos para serem os líderes da igreja primitiva. Devemos aprender com a igreja primitiva e questionarmos os modelos administrativos de hoje para que possamos atingir a excelência na vivência do evangelho, decifrando as implicações do pós modernismo na administração da igreja.

1 – SISTEMAS ECLESIÁSTICOS

Para entrarmos no polêmico assunto administração da igreja é preciso conhecer as principais formas de governo exercidas pela igreja hoje. Estes sistemas eclesiásticos são identificados pelos princípios fundamentais de sua organização. Presentes nas grandes denominações mundiais, estes sistemas administrativos são: Episcopal; presbiteriano; congregacional.

1.1 – SISTEMA EPISCOPAL

Esta forma de organização da igreja surgiu numa tentativa de recriar a autoridade apostólica a fim de combater problemas com ensinos heréticos e garantir a unidade doutrinária. Este sistema é sustentado por uma hierarquia. A autoridade final pertence a um bispo. Existem pequenas diferenças entre diversos grupos, mas em geral a autoridade de tomada de decisões pertence a uma pessoa. Esta forma de governo eclesiástico é adotado pelas igrejas: Católica romana; Universal do reino de Deus; Anglicana; Metodista episcopal; Episcopal e a maioria das igrejas neopentecostais. No sistema episcopal a administração da igreja pertence ao clero, que é investido de poder conforme sua posição hierárquica. A eleição do clero e sua formação não depende da congregação local, há uma separação entre clero e laicato. O clero (bispo, sacerdote e diácono) ou (bispo, pastor ou presbítero e diácono) com algumas exceções formam uma ordem hierárquica e essa ordem não é na função, mas na posição dentro da organização. Esta forma de organização reinou absoluta na igreja cristã do século II até a reforma protestante.

1.2 – SISTEMA PRESBITERIANO

Esta forma de governo ressurgiu com a reforma protestante. A autoridade final está em um grupo de ministros “os presbíteros”. Existe um conselho de pastores, e anciãos eleitos pela congregação local que lideram as atividades normais da vida cristã. Toda decisão tomada pelo conselho estão sujeitas a revisão por um conselho superior, composto de pastores e presbíteros de muitas congregações. Com algumas variações existem uma cadeia de níveis, vejamos:

1) Conselho: tem os membros eleitos pela congregação local e é formada de “diáconos” (anciãos governantes) e “ministros” (anciãos ensinantes)

2) Presbitério: consiste em representantes das diversas congregações (conselho)

3) Sínodo: corpo local composto de representantes de vários presbitérios

4) Assembléia geral: composto de representantes de todos os presbitérios, onde as decisões finais são tomadas.

Entre algumas igrejas que adotam este sistema podemos citar as Presbiterianas, as Reformadas, as Assembléias de Deus e outros grupos pentecostais.

Esta forma de governo de igreja foi divulgada com a modernidade, quando os dogmas da igreja e a religião revelada são questionados a luz da compreensão racional da revelação bíblica.

1.3 – SISTEMA CONGREGACIONAL

O sistema congregacional se difundiu a partir dos ideais democráticos, no século XVII. Todo o poder eclesiástico é exercido pelo corpo local de crentes, reunidos em uma congregação. A congregação local é autônoma, escolhe seus próprios líderes, disciplina e exclui os membros. As decisões tomadas na congregação não podem ser revogadas por nenhum outro corpo eclesiástico. As igrejas congregacionais podem se associarem, dependendo apenas das convicções teológicas em comum. Estes sistema é utilizado pelas igrejas : Independentes da Inglaterra, Congregacionais, Batistas, de Cristo, Cristã evangélica e outros grupos parecidos.

Esta é uma das formas de governo mais apropriada para o terceiro milênio. A administração é comunitária e não há um centro de poder eclesiástico que tomam as decisões. Este tipo de pensamento está dentro da cosmologia pós moderna.

 

Bibliografia

OLIVEIRA, Raimundo, eclesiologia, ler As grandes doutrinas da bíblia, CPAD, Rio de janeiro, 1987 v./ pp 249-284

 

Marcos Avelino – O Marcão