sábado, 5 de novembro de 2011

Convivendo com pensamentos diferentes IV

Na época do novo testamento, existiam alguns grupos que acreditavam que podiam mudar o destino de Israel através da política, das instituições e outros acreditavam que isso somente seria possível com uma revolução armada. Os herodianos, os saduceus e os zelotes, eram grupos que pensavam diferentemente sobre este assunto. O primeiro na política, o segundo nas instituições e o terceiro numa revolução. Como já comentei em postagem anterior sobre os saduceus, nesta postagem vou me ater nos zelotes e nos herodianos.

Os zelotes eram um grupo religioso e revolucionário que acreditava que a submissão a roma fosse traição a Deus. Organizaram-se militarmente no século I a.C. opondo-se a ocupação romana de Israel. Procuravam incitar o povo Judeu a rebelar-se contra o império romano, e expulsar os romanos pela a força armada. Atacavam a noite e eram o terror dos soldados romanos. Também foram conhecidos como cananitas.

Seus simpatizantes eram oriundos da classe baixa de Israel, dos que não tinham status nem pedigree religioso para tirar proveito, como os saduceus e os fariseus. Não tinham nada a perder. Atuaram primeiro na Galiléia, mas durante a Guerra Judaica –romana (66-70), tiveram um papel ativo na Judéia e provocaram a rebelião que culminou com a destruição de Jerusalém em 70 d.C.

Respeitavam o Templo e a Lei. Opunham-se ao helenismo. Professavam um messianismo radical e só acreditavam em um governo teocrático, ocupado por judeus. Viam na luta armada o único caminho para enfrentar aos inimigos e acelerar a instauração do Reino de Deus.

Alguns autores apontam que um de discípulos de Jesus é chamado de Simão, o Zelote em Lucas 6:15 e Atos 1:13, poderia ter pertencido a este grupo antes de se unir a Jesus.

Os herodianos eram um grupo político religioso que amparou a política e o governo da família dos Herodianos, principalmente durante o reinado de Herodes Antipas, que governou a Galiléia e Peréia nos tempos de Jesus.

Em diversas ocasiões os herodianos foram opositores de Jesus (Mt 22:16 Mc 3:6 12:13-17). Nesta ocasião eles unem aos fariseus e saduceus buscando matar Jesus e armando siladas, tentando apanhar Jesus com uma pergunta sobre o pagamento de impostos a César. Alguns autores acreditam que as referências neotestamentárias aos amigos e funcionários do tribunal de Herodes também estão relacionadas aos herodianos (Mc. 6:21, 26; Mt. 14:1-12; 23:7-12).

Os herodianos visavam a fundação de um novo império Judaico independente do governo de Roma e governado pelos Herodes. Esta seita desapareceu com o efetivo domínio romano na região palestina.

O pensamento religioso neopentecostal brasileiro tem uma dose de fermento do zelotismo e do herodianismo. Acreditam que devem tomar posse dos bens materiais para ser usado a serviço da obra do Senhor. E assim fará prosperar os da fé e impor na sociedade um capitalismo cristão. Não aceitam que um “ímpio” seja mais abastado que um cristão.

Como já postei anteriormente este tipo de pensamento no movimento gospel brasileiro teve influência do reconstrucionismo cristão que defende que a igreja deve conquistar o mundo antes do retorno de Cristo, portanto deve controlar as instituições do mundo e convertê-las ao cristianismo.

Este é um comportamento perigoso para os cristãos hodiernos, pois todas as vezes que a igreja se misturou com a política secular, houve degeneração e apostasia da fé.

Próximo ano vai ter eleições no país, o que não faltará é pastores se candidatando a cargos políticos e fazendo analogia do espinheiro para fundamentar suas decisões. Mais será que os crentes conquistando o poder nas instituições ou no congresso nacional haverá convenção ao verdadeiro cristianismo? Como é o histórico dos evangelhos no congresso nacional?

A história dos evangélicos no congresso nacional é feia, sem propósito, se vendem em troca de uma concessão de emissora de rádio ou de doação de terreno para a sua denominação. Há pouco tempo atrás vemos a atuação dos políticos evangélicos escandalizar o país na CPI das Sanguessugas.
A Frente Parlamentar Evangélica no Congresso Nacional possuia 60 integrantes. Desses 29 foram investigados pela CPMI das Sanguessugas: 14 da Igreja Universal do Reino de Deus; 10 das Assembléias de Deus, 2 da Igreja do Evangelho Quadrangular; 2 da Batista; e 1 da Internacional da Graça.
Em minha opinião particular pastor não era para se candidatar a cargo político! Isso é desvio de função. Deus o chamou para ser pastor (Ef 4.11) e ser político está fora de sua chamada ministerial. Existem cristãos que não teve o chamado de Deus para o pastorado e que pode ser usado no congresso.

Se realmente o pastor foi chamado por Deus deve ficar com sua vocação, mais se for um manipulador de massas que usou o cargo de pastor para atingir seus anseios político e segurança secular esta no caminho certo, pois já é um caído.

Deus realmente ordena aos cristãos tomar o domínio e o poder político das mãos dos ímpios? Após a multiplicação dos pães as multidões queriam fazer de Jesus um rei. Ele podia tomar o poder político e impor um governo cristão.

Jesus antes de sua crucificação afirmou “O meu reino não é deste mundo. Se fosse, os meus súditos combateriam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas agora o meu reino não é daqui “( Jo 18:36).

O Reino de Deus não está cosmovisão do fariseu, nem do saduceu, nem do essênio, nem dos herodianos e zelotes. Ele é fundamentado no amor, que é maior que a fé e a esperança. Se você é pastor seja fiel a sua vocação, pois o cargo de pastor e superior ao cargo de político.

Marcos Avelino

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