A
discussão arminianisno x calvinismo já dura mais de 450 anos. Já foram feito incontáveis debates sobre este
assunto. As grandes denominações evangélicas do país estão divididas entre
estas duas linhas teológicas, sem citar o luteranismo. As igrejas
presbiterianas e a maioria das igrejas congregacionais do país são
calvinistas. As Assembleias de Deus, as wesleyanas, e boa parte dos Batistas
defendem o arminianismo. Muitos já trocaram de denominações, ou foram "expulsos" por defenderem outro ramo teológico diferente ao da
denominação. Essa polarização, entre arminianismo e calvinismo já gerou atritos
entre amigos íntimos, como os servos de Deus John Wesley (arminiano) e George
Whitefield (calvinista).
Os calvinistas ficam espantados
com o grande crescimento das denominações arminianas neste últimos dois
séculos, já que nos primeiros séculos da reforma eles eram a maioria. Eles
apontam para o desprezo pela teologia nos dias atuais, mas na realidade, isso
tem relação com o controle estatal e repressão a quem não era calvinista nos
primeiros séculos pós reforma. Atualmente, com a liberdade religiosa para os
países cristãos, você pode escolher ser calvinista ou não, sem medo de punição,
prisão ou morte.
A IGREJA HOLANDESA E O SÍNODO DE DORT
Entre os séculos XIV e XV, alguns
movimentos com teologia agostiniana começaram a unir empenhos em favor da
reformas religiosas nos países baixos. A
partir de 1520, surgiram as primeiras influências luteranas e anabatistas, que
enfrentaram intensa repressão por parte das autoridades civis e eclesiásticas. A
fé reformada começou a se fazer sentir em 1523, através de contatos do
estudioso holandês Hinne Rode com o reformador suiço Ulrico Zuínglio, e no
final da década de 1550, já havia se implantado solidamente, principalmente nas
regiões de língua francesa ao sul. Muitos neerlandeses foram influenciados por
João Calvino em Estrasburgo e Genebra.
Em 1561, o belga Guido de Brès escreveu uma confissão de fé “para os fiéis que
estão dispersos por todos os Paises Baixos”. Esse documento, conhecido como
Confissão Belga, foi adotado por um sínodo em Antuérpia, em 1566, vindo a se
tornar o principal padrão doutrinário dos calvinistas holandeses.
O primeiro sínodo reformado
holandês reuniu-se em Turcoing em 1563, mas os dois primeiros sínodos gerais
reuniram-se em Wesel (1568) e Emden (1571), ambos fora das fronteiras do país.
Este último foi especialmente importante, porque efetivamente uniu todas as
congregações em uma Igreja Nacional, adotando três documentos doutrinários: a
Confissão Belga, o Catecismo de Genebra (para as igrejas de idioma francês) e o
Catecismo de Heidelberg (para as de
língua holandesa).
O nascimento da Igreja Reformada
Holandesa coincidiu com um período de intensas lutas entre os neerlandeses e
seu soberano, o rei católico espanhol Filipe II. Este havia declarado que
preferia morrer cem mortes a ser um rei de hereges. Em 1566, os nacionalistas
entraram em guerra contra os espanhóis. No ano seguinte, Filipe enviou o
implacável Duque de Alba para destruir a heresia e sufocar a resistência. A
ditadura que se seguiu (1567-1573) custou milhares de vidas, mas não conseguiu
vencer a rebelião. Sob a liderança de Guilherme de Orange, que abraçou o
Calvinismo em 1573, a Holanda declarou a sua independência em 26 de julho de
1581.
Em consequência das lutas
político-religiosas, os Paises baixos se subdividiram em três nações: Belgica e
Luxemburgo (católico) e Holanda (majoritariamente protestante). Sob o influxo
da fé reformada e da recém-conquistada autonomia política, a Holanda se tornou
rapidamente uma das nações mais prósperas da Europa, criando um império
comercial que se estendeu por todos os continentes. Tornou-se também uma das
regiões da Europa marcadas por maior tolerância religiosa, atraindo dissidentes
e refugiados de diversos países.
A igreja holandesa aos poucos ia
se estatizando e a liberdade religiosa se retraindo. Quando o Reino dos Países
Baixos foi criado em 1815, a organização da Igreja Reformada Holandesa,
tornou-se mais centralizada do que nunca. A organização da Igreja existente foi
varrido pelos regulamentos "impostas pelo novo governo, e a Igreja foi
colocada sob o controle real, com seus membros sendo Sínodo pessoalmente
nomeados pelo rei, até 1852.
O Sínodo de DORT.
Em 1618, em Dordrecht, Holanda,
foi convocado um Sínodo nacional para reunir-se em Dort, a fim de examinar os
pontos de vista de Armínius à luz das Escrituras. Como a Holanda era a nação
europeia com certa liberdade religiosa, ainda
podia florescer algum pensamento contrário ao dominante calvinismo. Essa
convocação foi feita pelos Estados Gerais da Holanda para o dia 13 de novembro
de 1618. Constou de 84 membros e 18 representantes seculares. Tinha
representantes de 8 países estrangeiros, a maioria onde predominava o
calvinismo.
Foi um sínodo estatal, dominado
por calvinistas, a maioria dos teólogos era das Igrejas Reformadas da Europa, o
Sínodo concluiu que, à luz do ensino claro das Escrituras, esses artigos tinham
que ser rejeitados como não bíblicos. Isso foi feito por unanimidade. Não
somente isso, mas o Concílio impôs censura eclesiástica aos
"remonstrantes" (Discípulos de Jacobus Armínius que fizeram protesto
"remonstrance" que consistia de "cinco artigos de fé",
baseados nos ensinos de Armínius): Foram tirado de seus cargos, e perderam a autoridade civil; O governo os exilou do país.
O sínodo decidiu pela rejeição das idéias arminianas , estabelecendo a
doutrina reformada em nos cinco pontos, conhecidos como "os cinco
pontos do Calvinismo" (veja postagem anterior), pelo fato de Calvino ter
sido grande defensor e expositor desse assunto.
Agora pergunto, neste clima
haveria lugar para outra teologia que
não fosse a calvinista?
A ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER
A Assembleia de Westminster (ou, tradicionalmente, Assembleia dos Divinos
de Westminster) foi o concílio convocado, entre 1643 e 1649, para reestruturar
a igreja da Inglaterra. Produziu, entre outros documentos, a Confissão de Fé de
Westminster e dois catecismos: o Catecismo Maior e o Breve Catecismo.
A Assembleia de Westminster, era uma
convocação da Igreja estatal para legislar sobre os assuntos religiosos da
Inglaterra. abaixo transcrevo parte do discurso de Dave Hunt falando sobre o
assunto. (Dave Hunt estava na Inglaterra falando a respeito de seu Livro: What
Love Is This?: Calvinism's Misrepresentation of God -Que Amor é Esse?:
Calvinismo uma falsa representação de Deus)
(...) Assembleia de Westminster, a confissão de fé de Westminster,
bem aqui na Inglaterra, ou o Sínodo de
Dort, em Dordrecht, Holanda". Bem, na realidade, aquela era uma Igreja
estatal. E, deixe-me citar alguns historiadores sobre o assunto para vocês.
"Em 1643..." eu estou citando G. T. Bettany... "Em 1643, a Assembléia dos Divinos de
Westminster foi convocada pelo
palarmento para reformar a Igreja da Inlatrerra", Agora você tem um
Parlamento no comando! Eu não sei se você iria querer o Parlamento reformando
sua igreja evangélica hoje. O Parlamento pagou os salários e as despesas desse
pessoal. Ele continua falando que "milhares de episcopais perderam seus
direitos e benefícios eclesiásticos, e surgiram várias vagas ao ponto de não
poderem ser preenchidas". E os presbiterianos predominaram no Parlamento,
e em 1648 mostraram sua continua intolerância através de um decreto de que todo
aquele que negasse Deus, ou a Trindade, ou a Expiação, ou os Livros Canônicos,
ou a Ressurreição dos Mortos, ou o julgamento Final deveriam sofrer pena de
morte, como um assassino, sem o benefício de um advogado. Eles catalogaram
heresias de segunda classe como merecedoras da pena de prisão".
Em outras palavras, essa era uma Igreja estatal, e eles forçavam-na em
todos. E se você não concordasse com eles, era expulso, e em alguns casos
morto, e em muitos outros, preso.
Agora outro historiador, que
diz: "A Assembleia de Westminster foi convocada e financiada pelo
Parlamento, e foi controlada por presbiterianos. Batista e independentes foram
excluídos. De fato, Batistas e independentes foram considerados como
"inimigos mortais da igreja estatal". A intolerância a qualquer
crença que não fosse o Calvinismo era chamada por líderes da Assembleia de
....' a última e mais fortes amarra de Satanás'". Uau! A Assembleia estava
determinada a forçar o ramo de sua religião sobre toda a população". Isso
aconteceu aqui na Inglaterra.
Agora, vocês também têm um homem maravilhoso, " As Cartas de
Samuel Rutherford", creio que muitos de vocês leram... Digo, é tão bonito!
Historiadores o descrevem como um "homem gracioso de Deus". Porém por
causa de suas crenças calvinistas, "ele negou totalmente os princípios
morais de tolerância religiosa, soando como os Papas e o Vaticano que ele
rejeitava" e afirmou: "há apenas uma Igreja verdadeira, e todos que
estão fora dela são hereges e devem ser destruídos". É isso que o Calvinismo faz a um homem
piedoso, amoroso e gracioso?
"Roger Williams, um dos defensores da liberdade religiosa mais
conhecidos no seu tempo, publicou um protesto intitulado 'A Doutrina
Sangrenta da Perseguição pela Causa da
Consciência' e fugiu da Inglaterra para os EUA, onde foi maltratados pelos puritanos. Na Inglaterra, a Assembleia de
Westminster determinou que seu livro fosse publicamente queimado.
Em 1648, os presbiterianos obtiveram êxito em decretar a lei da mordaça para punir os batistas como blasfemos e hereges". Eu acho bem irônico que vários batistas hoje são Calvinista! "Sob aquela lei infame, 400 batistas foram lançados na prisão. De fato, dissidentes sofreram perseguição e foram presos por muitos anos".
Em 1648, os presbiterianos obtiveram êxito em decretar a lei da mordaça para punir os batistas como blasfemos e hereges". Eu acho bem irônico que vários batistas hoje são Calvinista! "Sob aquela lei infame, 400 batistas foram lançados na prisão. De fato, dissidentes sofreram perseguição e foram presos por muitos anos".
Bem, todos vocês sabem o que aconteceu sob o reinado de Maria, a
Sanguinária: a perseguição e morte de mais de 400 evangélicos queimados em
estacas, por negarem a transubstanciação. Mas talvez muitos de vocês não
conheciam esta perseguição feita pelo calvinistas. "Protestantes sofrendo
nas mãos de protestantes por não serem Calvinitas. Aproximadamente 30 anos
antes, a petição 'A mais humilde súplica de muitos súditos leais à sua
Majestade o Rei que são perseguidos apenas por discordarem de uma religião
contrária aos testemunhos humano e divinos'...", esse foi o título que ele
deu à sua carta escrita na prisão. Ouça o que ele diz:"Nossas misérias são
anos de prisão longas e prolongadas em muitas regiões da Inglaterra, nas quais
muitos morreram e deixaram viúvas e muitas crianças pequenas; levaram nossos
bens, não por traição a Vossa Majestade, nem por terem feridos algum homem, mas
porque ousamos não consentir, e nem praticar durante os cultas a Deus, coisas
nas quais não cremos, porque é pecado contra o altíssimo".
Não era os católicos que estavam perseguido: aquela era a Inglaterra
Protestante. Eles foram perseguidos por não abraçarem o Calvinismo. Bem, você
pode dizer que (...)Portanto, a falta de liberdade religiosa para escolher aquilo em que acredita como verdade, foi a razão do domínio do calvinismo nos dois primeiros séculos pós reforma.
Fonte de pesquisa:
Discurso de Dave Hunt na Inglaterra falando a respeito de
seu Livro: What Love Is This?: Calvinism's Misrepresentation of God .
Wikipédia - Igreja Reformada Neerlandesa.
Até breve!
Marcos Avelino.
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