terça-feira, 15 de abril de 2014

A PRINCIPAL CAUSA DA SUPREMACIA DO CALVINISMO PÓS REFORMA

CALVINISMO E ARMINIANISMO

A  discussão arminianisno x calvinismo já dura mais de 450 anos.  Já foram feito incontáveis debates sobre este assunto. As grandes denominações evangélicas do país estão divididas entre estas duas linhas teológicas, sem citar o luteranismo. As igrejas presbiterianas e a maioria das igrejas congregacionais do país são calvinistas. As Assembleias de Deus, as wesleyanas, e boa parte dos Batistas defendem o arminianismo.  Muitos já trocaram de denominações, ou foram "expulsos" por defenderem  outro ramo teológico diferente ao da denominação. Essa polarização, entre arminianismo e calvinismo já gerou atritos entre amigos íntimos, como os servos de Deus John Wesley (arminiano) e George Whitefield (calvinista).

Os calvinistas ficam espantados com o grande crescimento das denominações arminianas neste últimos dois séculos, já que nos primeiros séculos da reforma eles eram a maioria. Eles apontam para o desprezo pela teologia nos dias atuais, mas na realidade, isso tem relação com o controle estatal e repressão a quem não era calvinista nos primeiros séculos pós reforma. Atualmente, com a liberdade religiosa para os países cristãos, você pode escolher ser calvinista ou não, sem medo de punição, prisão ou morte.

A IGREJA HOLANDESA E O SÍNODO DE DORT

Entre os séculos XIV e XV, alguns movimentos com teologia agostiniana começaram a unir empenhos em favor da reformas religiosas nos países baixos.  A partir de 1520, surgiram as primeiras influências luteranas e anabatistas, que enfrentaram intensa repressão por parte das autoridades civis e eclesiásticas. A fé reformada começou a se fazer sentir em 1523, através de contatos do estudioso holandês Hinne Rode com o reformador suiço Ulrico Zuínglio, e no final da década de 1550, já havia se implantado solidamente, principalmente nas regiões de língua francesa ao sul. Muitos neerlandeses foram influenciados por João Calvino em Estrasburgo e  Genebra. Em 1561, o belga Guido de Brès escreveu uma confissão de fé “para os fiéis que estão dispersos por todos os Paises Baixos”. Esse documento, conhecido como Confissão Belga, foi adotado por um sínodo em Antuérpia, em 1566, vindo a se tornar o principal padrão doutrinário dos calvinistas holandeses.

O primeiro sínodo reformado holandês reuniu-se em Turcoing em 1563, mas os dois primeiros sínodos gerais reuniram-se em Wesel (1568) e Emden (1571), ambos fora das fronteiras do país. Este último foi especialmente importante, porque efetivamente uniu todas as congregações em uma Igreja Nacional, adotando três documentos doutrinários: a Confissão Belga, o Catecismo de Genebra (para as igrejas de idioma francês) e o  Catecismo de Heidelberg (para as de língua holandesa).

O nascimento da Igreja Reformada Holandesa coincidiu com um período de intensas lutas entre os neerlandeses e seu soberano, o rei católico espanhol Filipe II. Este havia declarado que preferia morrer cem mortes a ser um rei de hereges. Em 1566, os nacionalistas entraram em guerra contra os espanhóis. No ano seguinte, Filipe enviou o implacável Duque de Alba para destruir a heresia e sufocar a resistência. A ditadura que se seguiu (1567-1573) custou milhares de vidas, mas não conseguiu vencer a rebelião. Sob a liderança de Guilherme de Orange, que abraçou o Calvinismo em 1573, a Holanda declarou a sua independência em 26 de julho de 1581.

Em consequência das lutas político-religiosas, os Paises baixos se subdividiram em três nações: Belgica e Luxemburgo (católico) e Holanda (majoritariamente protestante). Sob o influxo da fé reformada e da recém-conquistada autonomia política, a Holanda se tornou rapidamente uma das nações mais prósperas da Europa, criando um império comercial que se estendeu por todos os continentes. Tornou-se também uma das regiões da Europa marcadas por maior tolerância religiosa, atraindo dissidentes e refugiados de diversos países.

A igreja holandesa aos poucos ia se estatizando e a liberdade religiosa se retraindo. Quando o Reino dos Países Baixos foi criado em 1815, a organização da Igreja Reformada Holandesa, tornou-se mais centralizada do que nunca. A organização da Igreja existente foi varrido pelos regulamentos "impostas pelo novo governo, e a Igreja foi colocada sob o controle real, com seus membros sendo Sínodo pessoalmente nomeados pelo rei, até 1852.

O Sínodo de DORT.

Em 1618, em Dordrecht, Holanda, foi convocado um Sínodo nacional para reunir-se em Dort, a fim de examinar os pontos de vista de Armínius à luz das Escrituras. Como a Holanda era a nação europeia com certa liberdade religiosa,  ainda podia florescer algum pensamento contrário ao dominante calvinismo. Essa convocação foi feita pelos Estados Gerais da Holanda para o dia 13 de novembro de 1618. Constou de 84 membros e 18 representantes seculares. Tinha representantes de 8 países estrangeiros, a maioria onde predominava o calvinismo.

Foi um sínodo estatal, dominado por calvinistas, a maioria dos teólogos era das Igrejas Reformadas da Europa, o Sínodo concluiu que, à luz do ensino claro das Escrituras, esses artigos tinham que ser rejeitados como não bíblicos. Isso foi feito por unanimidade. Não somente isso, mas o Concílio impôs censura eclesiástica aos "remonstrantes" (Discípulos de Jacobus Armínius que fizeram protesto "remonstrance" que consistia de "cinco artigos de fé", baseados nos ensinos de Armínius): Foram tirado de seus cargos, e perderam a  autoridade civil; O governo os exilou do país.

O sínodo decidiu pela rejeição das idéias arminianas , estabelecendo a doutrina reformada em nos cinco pontos, conhecidos como "os cinco pontos do Calvinismo" (veja postagem anterior), pelo fato de Calvino ter sido grande defensor e expositor desse assunto.

Agora pergunto, neste clima haveria  lugar para outra teologia que não fosse a calvinista?

 

A ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER

A Assembleia de Westminster  (ou, tradicionalmente, Assembleia dos Divinos de Westminster) foi o concílio convocado, entre 1643 e 1649, para reestruturar a igreja da Inglaterra. Produziu, entre outros documentos, a Confissão de Fé de Westminster e dois catecismos: o Catecismo Maior e o Breve Catecismo.

A Assembleia de Westminster, era uma convocação da Igreja estatal para legislar sobre os assuntos religiosos da Inglaterra. abaixo transcrevo parte do discurso de Dave Hunt falando sobre o assunto. (Dave Hunt estava na Inglaterra falando a respeito de seu Livro: What Love Is This?: Calvinism's Misrepresentation of God -Que Amor é Esse?: Calvinismo uma falsa representação de Deus)

(...) Assembleia de Westminster, a confissão de fé de Westminster, bem  aqui na Inglaterra, ou o Sínodo de Dort, em Dordrecht, Holanda". Bem, na realidade, aquela era uma Igreja estatal. E, deixe-me citar alguns historiadores sobre o assunto para vocês.

"Em 1643..." eu estou citando G. T. Bettany...  "Em 1643, a Assembléia dos Divinos de Westminster foi convocada pelo  palarmento para reformar a Igreja da Inlatrerra", Agora você tem um Parlamento no comando! Eu não sei se você iria querer o Parlamento reformando sua igreja evangélica hoje. O Parlamento pagou os salários e as despesas desse pessoal. Ele continua falando que "milhares de episcopais perderam seus direitos e benefícios eclesiásticos, e surgiram várias vagas ao ponto de não poderem ser preenchidas". E os presbiterianos predominaram no Parlamento, e em 1648 mostraram sua continua intolerância através de um decreto de que todo aquele que negasse Deus, ou a Trindade, ou a Expiação, ou os Livros Canônicos, ou a Ressurreição dos Mortos, ou o julgamento Final deveriam sofrer pena de morte, como um assassino, sem o benefício de um advogado. Eles catalogaram heresias de segunda classe como merecedoras da pena de prisão".

Em outras palavras, essa era uma Igreja estatal, e eles forçavam-na em todos. E se você não concordasse com eles, era expulso, e em alguns casos morto, e em muitos outros, preso.

 Agora outro historiador, que diz: "A Assembleia de Westminster foi convocada e financiada pelo Parlamento, e foi controlada por presbiterianos. Batista e independentes foram excluídos. De fato, Batistas e independentes foram considerados como "inimigos mortais da igreja estatal". A intolerância a qualquer crença que não fosse o Calvinismo era chamada por líderes da Assembleia de ....' a última e mais fortes amarra de Satanás'". Uau! A Assembleia estava determinada a forçar o ramo de sua religião sobre toda a população". Isso aconteceu aqui na Inglaterra.

Agora, vocês também têm um homem maravilhoso, " As Cartas de Samuel Rutherford", creio que muitos de vocês leram... Digo, é tão bonito! Historiadores o descrevem como um "homem gracioso de Deus". Porém por causa de suas crenças calvinistas, "ele negou totalmente os princípios morais de tolerância religiosa, soando como os Papas e o Vaticano que ele rejeitava" e afirmou: "há apenas uma Igreja verdadeira, e todos que estão fora dela são hereges e devem ser destruídos".  É isso que o Calvinismo faz a um homem piedoso, amoroso e gracioso?

"Roger Williams, um dos defensores da liberdade religiosa mais conhecidos no seu tempo, publicou um protesto intitulado 'A Doutrina Sangrenta  da Perseguição pela Causa da Consciência' e fugiu da Inglaterra para os EUA, onde foi maltratados pelos  puritanos. Na Inglaterra, a Assembleia de Westminster determinou que seu livro fosse publicamente queimado.

Em 1648, os presbiterianos obtiveram êxito em decretar a lei da mordaça para punir os batistas como blasfemos e hereges". Eu acho bem irônico que vários batistas hoje são Calvinista! "Sob aquela lei infame, 400 batistas foram lançados na prisão. De fato, dissidentes sofreram perseguição e foram presos por muitos anos".

Bem, todos vocês sabem o que aconteceu sob o reinado de Maria, a Sanguinária: a perseguição e morte de mais de 400 evangélicos queimados em estacas, por negarem a transubstanciação. Mas talvez muitos de vocês não conheciam esta perseguição feita pelo calvinistas. "Protestantes sofrendo nas mãos de protestantes por não serem Calvinitas. Aproximadamente 30 anos antes, a petição 'A mais humilde súplica de muitos súditos leais à sua Majestade o Rei que são perseguidos apenas por discordarem de uma religião contrária aos testemunhos humano e divinos'...", esse foi o título que ele deu à sua carta escrita na prisão. Ouça o que ele diz:"Nossas misérias são anos de prisão longas e prolongadas em muitas regiões da Inglaterra, nas quais muitos morreram e deixaram viúvas e muitas crianças pequenas; levaram nossos bens, não por traição a Vossa Majestade, nem por terem feridos algum homem, mas porque ousamos não consentir, e nem praticar durante os cultas a Deus, coisas nas quais não cremos, porque é pecado contra o altíssimo".
Não era os católicos que estavam perseguido: aquela era a Inglaterra Protestante. Eles foram perseguidos por não abraçarem o Calvinismo. Bem, você pode dizer que (...)

Portanto, a falta de liberdade religiosa para escolher aquilo em que acredita como verdade, foi a razão do domínio do calvinismo nos dois primeiros séculos pós reforma.

Fonte de pesquisa:
Discurso de Dave Hunt na Inglaterra falando a respeito de seu Livro: What Love Is This?: Calvinism's Misrepresentation of God .

 Wikipédia - Igreja Reformada Neerlandesa.


Até breve!

Marcos Avelino.

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