terça-feira, 27 de maio de 2014

JUSTIFICAÇÃO, REGENERAÇÃO, SANTIFICAÇÃO E GLORIFICAÇÃO


O homem antes de manter contato com a palavra de Deus e aceitar a Cristo é dicotômico, possui um corpo e uma parte espiritual contendo duas substância: uma alma que sente e recorda, e um espírito que tem consciência e possui conhecimento de Deus. Quando esse homem entra em contato com a palavra de Deus e O aceita, o espírito é regenerado e o homem passa a ser tricotômico, porque a palavra de Deus separa a alma do espírito, conforme o que está escrito em Hb 4:12. Três elementos essenciais forma agora o homem nascido de novo: um espírito, imortal que tem vontade e consciência, uma alma e um corpo. O apóstolo Paulo em I Ts 5:23 fala em sua oração da santificação do espírito, alma e corpo.

No momento da salvação o espírito é regenerado e justificado isso inclui nova vida em Cristo, reconciliação com Deus,  perdão de pecados através do sacrifício de Jesus, e a declaração de Deus tornando-o justo. A alma passa pelo processo de santificação através da  transformação à semelhança de Cristo e como consequência o corpo será glorificado no futuro.

A justificação é Deus como juiz declarando o homem justo. O Antigo testamento utiliza duas formas diferentes do mesmo termo hebraico (hidsdik e tsiddek) para expressar o conceito de justificação. Esses termos, exceto em algumas passagens, não indicam mudança moral operada por Deus no homem, mas regularmente designam uma declaração divina a respeito do homem. Transmitem a ideia de que Deus, em sua qualidade de juiz, declara o homem justo. (Dt 25:1 Pv 17:15; Is 5:3 Sl 143:2)  O Termo do Novo testamento (diikaio-o) tem o mesmo significado, isto é, declarar justo. (Rm 3:20-28 4:5-7 Gl 2:16; 3:11 5:4 II Co 5:19). Entende-se que o termo "justificar" não significa tornar o homem justo mas declarar justo.

Portanto por justificação entende-se o ato pelo qual Deus declara posicionalmente justa a pessoa que a Ele se chega através da pessoa de Jesus Cristo. Esta justificação envolve dois atos: o cancelamento da dívida do pecado na conta do pecador, e o lançamento da justiça de Cristo em seu lugar. Tornando-se mais claro: Justificação não é aquilo que o homem é ou tem em si mesmo, mas aquilo que o próprio Cristo é e faz na vida do crente.

"Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.
Ao qual Deus propôs para propiciarão pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus;
Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.
"  Rm 3 :24-26

Não se deve confundir Justificação com regeneração. A regeneração é obra sobrenatural e instantânea de Deus que outorga nova vida ao pecador que aceita a Cristo como seu salvador pessoal. Através desse milagre, o pecador é ressuscitado da morte (do pecado) para a vida (na justiça de Cristo)

Esta nova vida é a natureza divina que passa a habitar no crente, mediante o poder do espírito Santo. (Tt 3:5; Jo 1:12-13) Sem essa miraculosa transformação espiritual, o pecador arrependido permaneceria morto na sua natureza pecaminosa e incapaz de conhecer a Deus num relacionamento pessoal. (Ef 2:1 Rm 8:7)

A justificação tem um lugar fora de nós , junto ao trono de Deus, onde Ele nos declara justos. É pois coisa objetiva . A regeneração é obra divina operada em nosso interior. É  por isso, subjetiva.

Frelingh afirma que A justificação é o veredito de Deus e a regeneração é uma experiência humana. A justificação é o que Deus fez por nós ; a regeneração e o que Deus faz em nós. A justificação muda a nossa posição, ou situação; a regeneração tem a ver com o nosso estado. A justificação muda nosso estado para com Deus; já a regeneração muda a nossa natureza.

A santificação é obra da graça pelo qual o crente é separado do ego e da pecaminosidade interior, e , pela concessão do Espírito santo, separado para a santidade e o serviço de Deus. A santificação tem início com a regeneração quando Deus liberta o homem do pecado e opera o desejo de ser semelhante a Cristo. O Breve Catecismo de Westminster na página 35 afirma que a Santificação é a obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, habilitados a morrer cada vez mais para o pecado e a viver para a retidão.

A glorificação será a salvação da presença do pecado em nossa vida. Na glorificação, a salvação envolverá o corpo físico, então glorificado. Estaremos ressuscitados. Estaremos no Céu (Rm 13:11; 2Co 5:2,4; Fp 2:12 e Hb 9:2). Será redenção do corpo (Rm 8:23).

 

Em resumo poderíamos dizer que a salvação, obra da graça de Deus vista na experiência humana, ela tem três tempos: no passado, justificação; no presente, santificação; no futuro, glorificação. "A justificação é um ato instantâneo; santificação é um processo; regeneração é nascimento, santificação é crescimento; transformação progressiva efetuada pelo Espírito Santo na vida daqueles que confiam em Cristo."

 

Até Breve.

Marcos Avelino

 

Fonte de Consulta

OLIVEIRA, Raimundo, soteriologia, ler As grandes doutrinas da bíblia, CPAD, Rio de janeiro, 1987 v./ pp.225-235

FRELINGH, H.M. Os oito Pilares da Salvação,. Betânia, Belo Horizonte,MG, 1968 v./ pp.94

Eliseu Pereira - lição 20 - Doutrina da Santificação -  http://www.ebdonline.com.br/cursos/fundamentos20.htm

domingo, 11 de maio de 2014

A INFLUENCIA DE AGOSTINHO NA IGREJA REFORMADA

Talvez, muitos dos leitores ficaram perplexo em saber que a igreja reformada perseguiu os Cristãos que não tinham a mesma cosmovisão da igreja estatal (Postagem do dia 15 de Abril de 2014). Protestante perseguindo protestante! Talvez o leitor pergunte: Como isso aconteceu?

Na postagem anterior falei da influencia de Agostinho na ICAR (Igreja Católica e Apostólica Romana) e como ele instigou a perseguição. Na Postagem de hoje vamos refletir sobre a influencia de Agostinho na  igreja reformada, principalmente no Calvinismo e Luteranismo.

Abaixo transcrevo parte do discurso de Dave Hunt falando sobre o assunto. (Dave Hunt estava na Inglaterra falando a respeito de seu Livro: What Love Is This?: Calvinism's Misrepresentation of God -Que Amor é Esse?: Calvinismo uma falsa representação de Deus)

Agora, o Calvinismo vem de Agostinho. Todo o calvinista reconhece isso. Calvino cita Agostinho nas suas Institutas (dessa grossura, que eu li cuidadosamente) mais de 400 vezes, usando frases como "pela autoridade de Agostinho". Spugeon disse: "Calvino (Isto é, o Calvinismo) deriva principalmente dos escritos de Agostinho". João Calvino diz: "Agostinho está tão inteiramente comigo, que se eu quisesse escrever uma confissão de minha fé, eu poderia fazê-lo a partir de seus escritos, com toda completude e satisfação".
Eu cito vários calvinistas no livro e um atrás do outro diz... Bem R. C. Sproul diz: "Agostiniano é atualmente chamado Calvinismo ou Teologia reformada". Eles todos admitem que João Calvino não é o criador do Calvinismo, mas que ele tirou esta doutrina de Agostinho, e Agostinho foi o primeiro a ter essas ideias.
Bem quem foi Agostinho? Alguns de vocês devem saber que ele é um dos quatro.... Bem, temos alguns católicos aqui que devem saber... Ele é um dos quatros doutrinadores da Igreja; ele tem um dia santo, 28 de agosto, o dia de sua morte; em 1986, o Papa celebrou os 1600 anos de sua conversão... e citou algo que Agostinho disse, "Eu não creria no Evangelho se não tivesse sido movido pela autoridade da Igreja". Um apologista católico citou isso para mim, para confirmar a autoridade da Igreja Católica. "É daqui que vem a autoridade!"
Sir Robert Anderson, outro britânico, disse: "A Igreja Católica Romana foi moldada por Agostinho na forma que tem mantido até hoje. Todos os erros, que se desenvolveram nos séculos seguintes nos ensinos da igreja , praticamente se pode encontrar em forma de embrião nos seus escritos". Mas entre elas você teria: batismo infantil para salvação; a necessidade de batismo para a salvação; salvação só pode ser encontrada na igreja, em seus sacramentos, e perseguição de tudo que rejeitasse esse ensinamento; aceitação dos apócrifos; interpretação alegórica da Bíblia (você não leva a sério os dois capítulos de Gênesis! É apenas alegoria! E eles alegorizaram muito mais). Tudo isso veio de Agostinho. Ele também rejeitou o Milênio, o Reino literal de Cristo sobre Terra -na verdade nós não estamos no Milênio! Você lê isso no livro "Cidade de Deus" . O diabo está preso atualmente, caso você não tenha notado. E a Igreja esta no processo de conquistar o mundo. Sabe, essas coisas, o Reino, o ensino do domínio que está no meio dos carismáticos... Tudo vem de Agostinho e é bastante católico!
O historiador Philip Schaff chama Agostinho de o "o primeiro católico romano verdadeiro" e "o principal criador teológico do sistema latino-católico , em contraposição ao Protestantismo evangélico".
Deixe-me citar Jonh Piper (posso achar rapidamente aqui). Jonh piper diz... Isso é chocante... Um dos meus capítulos é chamado "A chocante", na verdade acho que não é "chocante",... é A surpreendente conexão com o catolicismo Romano". Ouça o que diz Piper, e todos concordam com isso: " O texto-padrão teológico de onde beberam Calvino e Lutero foi 'Sentenças", de Pedro Lombardo. 90% desse livro consiste em citações de Agostinho.
Lutero era um monge agostiniano, e Calvino mergulhou nos escritos de Agostinho, como podemos ver  no crescente uso de escritos agostinianos em cada nova edição das 'Institutas' (...)
Paradoxalmente, um dos mais estimados pais da Igreja Católica Romana foi quem 'nos deu a Reforma'". Oh! Não é maravilhoso? Os dois mais famosos pais da Reforma Protestante, Calvino e Lutero, estavam pesadamente sob a influência de Agostinho, o primeiro católico romano! É chocante não é? Isso explicaria porque Igrejas Reformadas ainda hoje acreditam em batismo infantil para salvação. Isso incluiria a sua igreja aqui também, a Igreja Anglicana, não é mesmo? Não é isso que eles ensinam? Agora temos um problema, as pessoas descobrem que é isso que a Reforma faz em toda a Europa. Encontro essas pessoas o tempo todo. Eles nunca foram salvos. Eles foram batizados,catequizados, confirmados, e eles dizem "Nós participamos da Confirmação porque iríamos ganhar presentes dos nossos parentes!" Pelo menos isso é o que acontece na Europa, na Alemanha e  em outros lugares. E depois eles casam na Igreja, são enterrados na Igreja, mas fora isso, eles nunca aparecem na porta da Igreja. E isso tem posto muitas pessoas contra o Cristianismo. E, veja, se eu tivesse sido batizado quando bebê e aquilo me salvasse ( e isso admitido por luteranos  também, e presbiterianos), então você não deveria pregar o Evangelho para mim! Paulo disse que o Evangelho é poder para salvação de todo aquele que crê, mas por que você quer que eu me salve, se eu já fui regenerado e todos os meus pecados foram perdoados quando eu era  um bebê, no batismo?
Agora temos um erro muito sério. E, na realidade , João Calvino disse que a única forma de saber se você é um dos eleitos é se você  foi batizado quando bebê. Mesmo se foi por padre católico fornicador, ímpio e descrente! E você tem fé no seu batismo.
Sabem, houve pessoas chamadas  "anabatistas", lembram? Eles se batizavam de novo. Eles eram católicos e foram salvos para graça de Deus, acreditando no Evangelho, pela fé em Cristo, e eles disseram que batismo é para os crentes. Felipe disse ao eunuco etíope "Se você crer de todo o coração"? E um bebe não crer, ele sequer compreende! Nós temos que ser batizados agora, como crentes" Mas os anabatistas foram odiados, perseguidos e mortos, não apenas por católicos, mas também por luteranos e calvinistas. Isso não é verdade? E você ainda ver essa animosidade atualmente. Não sei quanto a vocês aqui na Inglaterra, mas conheço a Europa Continental melhor, e uma pessoa que se salva e se converte fora de igreja luterana ou calvinista... Uau!  A família não vai querer aproximação com ela. Não sempre , mas em muitos casos. "Você negou a validade do seu batismo infantil!" E esse é um problema muito, muito sério. Então, temos aqui algo muito impressionante: a conexão com o catolicismo, tanto em Calvino como em Lutero, e o que restou dele nas chamadas igrejas "reformadas" durante o processo de Reforma.
Agostinho foi chamado de "Pai da Inquisição". Ele era um constantiniano. Lembre  que Constantino, o imperador romano, deu liberdade aos cristãos.
Qual é a lógica de perseguir os cristãos. Eles não ficam bêbados, não se rebelam, são honestos, morais, trabalham duro... Por que vocês estão matando? Talvez eles influenciem os outros! Eles são bons cidadãos!
Constantino não era um cristão. Ele continuou a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos; ele continuou a presidir os festivais pagãos, mesmo sendo o Cabeça do Colégio Pontifício; ele não pôs fim aos sacrifícios à deusa Vesta, nem expulsou as Virgens de Vesta; as moedas tinha a imagem do Deus-Sol, e não do Filho de deus; etc.
Constantino somente estava interessado em unir o seu Império, e se você quiser estudar sobre Ecumenismo, leia sobre Constantino. Ele foi o primeiro ecumenista, e convocou o Primeiro Concílio Ecumênico em 325 d.C.: o Concílio de Niceia. Ele o presidiu e moderou os discursos, etc. Ele pensou que, dando liberdade aos cristãos, ele uniria o seu Império. Mas para a sua surpresa, ele descobriu que "esses cristãos são todos divididos, eles não se dão uns com os outros!" E então ele convocou o concílio de Niceia para acertar alguma coisas, e finalmente impôs: "Vocês terão de concordar com isso!" E foi isso que Agostinho fez.
A controvérsia com as donatistas. Lembram-se deles? Eles ficaram desapontados, porque alguns bispos e leigos tinham negado a Cristo sob a perseguição de Diocleciano e de outros para se salvarem e não serem mortos, eles negaram a Cristo, e quando Constantino chega ao poder e dá a eles liberdade na Igreja, porque eles disseram que não tinham negado a Cristo de verdade, "nós continuamos cristãos todo o tempo". E eles foram acolhidos novamente na Igreja. Digo, vocês pode citar Agostinho e ele diz "Se você for a Igreja hoje, verás feiticeiros, astrólogos e seus clientes, outros com amuletos..." Os mesmos pagãos que vão aos festivais de outros deuses estão na Igreja! Agostinho não via problema nisso. Todos devem estar na Igreja. Os donatistas disseram"Não! A Igrejas deve ser dos crentes,  somente dos crentes verdadeiros! E aqueles que negaram a Cristo durante a perseguição terão de se arrepender e serem salvos e batizados de novo!" Agostinho não ficou feliz. Eles queriam uma igreja pura, mas Agostinho dizia que mesmo não querendo matar pessoas, ele concordaria se fosse preciso para trazê-las de volta para dentro da Igreja.
Então agora você pode entender melhor... E eu não sei porque os calvinistas se chateiam quando vou  a Genebra e mostro o que aconteceu lá. Calvino lhe açoitaria! Torturaria! Eles torturaram pessoas! Eles queimaram em estacas mais de 60 pessoas em Genebra durante o governo de Calvino! Haviam policiais que batiam na sua porta porque achavam que havia pratos demais na sua mesa, e prendiam pessoas por terem cabelo compridos demais, etc. Pena de morte para vários crimes:uma criança que xingasse seus pais era decapitada! Assim João Calvino, que força as pessoas a entrarem no céu através da graça irresistível, e que não Se importa que milhões, provavelmente bilhões, fossem para o inferno - na verdade, Ele mesmo as predestinou para isso, e planejou tudo para que eles sequer possam entender o Evangelho, pois não daria a eles a graça para entender e crer... Bem eu acho que isso iria influenciar suas ações, não iria? "Sim, mas todo o mundo fazia assim naquela época... O papa fazia e tudo mais..."
Espere ai! I Jo 2:6 diz "aquele que afirma que permanece n'Ele (Cristo), deve andar como Ele andou"! Não importa em que sociedade você vive, ou época da História. Por acaso a minha vida não deve refletir cristo vivendo em mim?! Mas eu acho que você vê isso em João Calvino "Oh, ele era muito gentil, orava muito, pregava sem descanso...." Ele também torturou aqueles que discordavam  dele, Baniou-os , os açoitou, etc. Bem, isso tudo vem de Agostinho, o "Pai da Inquisição".
 
Marcos Avelino - Até Breve



 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

AGOSTINHO DE HIPONA

A INFLUENCIA DE AGOSTINHO DE HIPONA


Querido leitor, antes de começarmos a explorar a parte teológica, convém analisarmos alguns dados históricos que serão importantes para compreensão de alguns assuntos abordados no futuro.

Principiamos o assunto da soteriologia, fazendo uma explanação básica sobre a doutrina da salvação, depois expomos o pensamento dos dois principais grupos a respeito da salvação, o arminianismo e o calvinismo. Falamos sobre a supremacia do calvinismo nos primeiros séculos pós reforma e mostramos por que isso aconteceu. Em seguida postamos a razão do crescimento arminiano na atualidade e mostramos alguns perigos das derivações tanto do arminianismo como do calvinismo. Na postagem de hoje vamos falar de um dos maiores teólogos da Igreja Católica Romana, que influenciou de modo marcante o pensamento soteriológico do protestantismo.

O assunto de hoje foi tirado de um Título(Livro) em Inglês e traduzido por uma irmã em Cristo, membro da I Igreja Batista de Teresópolis, RJ.

Agostinho de Hipona [herege, pai e defensor das heresias de Roma]


          
Muitos teólogos evangélicos modernos exaltam o Agostinho do Século V; porém, nós o rejeitamos como um herege. Muitos historiadores têm sabiamente observado que Agostinho (354-430) rejeitou a fé do Novo Testamento ao ponto de usar sua vasta influência para a formação da Igreja Católica Romana  (ICAR). Benjamim Warfield disse que “num legítimo sentido”, Agostinho é o fundador da ICAR (Warfield: Calvin and Augustine, p. 22). A própria ICAR reconhece Agostinho como um dos seus principais Doutores da Igreja, tendo-o canonizado como santo.

          Agostinho foi um perseguidor e o pai da geração de perseguidores. “Agostinho de Hipona não apenas se absteve de dar uma base dogmática ao que havia se tornado a prática da Igreja, mas até declarou encontrar validade final à mesma na Escritura: ‘é, realmente, melhor que os homens sejam levados a servir a Deus pela instrução do que pelo medo do castigo, ou pela dor. Mas, como os primeiros meios são melhores que os últimos, estes, portanto, não devem ser negligenciados; muitos devem ser levados de volta ao seu Senhor, como servos maus, pela vara do sofrimento temporal, porque eles alcançam o mais alto grau do desenvolvimento religioso.... O próprio Senhor ordena que os convivas sejam antes convidados e em seguida sejam compelidos à Sua Grande Ceia. ´E Agostinho argumenta que se o Estado não tem o poder de castigar o erro religioso, não poderia punir um crime como assassinato. Corretamente diz Neander sobre o ensino de Agostinho que ele contém o germe de todo o despotismo espiritual, da intolerância e da perseguição, até mesmo ao tribunal da inquisição’  Não foi muito antes, que o último passo foi dado pela doutrina da perseguição da Igreja. Leão, o Grande, o primeiro dos papas, num estrito sentido do termo, retirou a inferência lógica das premissas a ele já providas pelos Pais da Igreja, ao declarar que a morte é a penalidade apropriada para a heresia” (Vedder, “Our New Testament”, pp. 97/98).

          As mais terríveis perseguições foram infligidas aos crentes bíblicos donatistas, mormente por instigação de Agostinho. Os donatistas contendiam por igrejas segundo o Novo Testamento, compostas exclusivamente dos que evidenciavam arrependimento e fé. Eles praticavam uma forma congregacional de governo da igreja. Eles batizavam os que lhes chegavam de igrejas por eles consideradas heréticas, considerando inválido o batismo de homens e igrejas que não seguiam a fé do Novo Testamento. Assim, eles eram rotulados de rebatizadores, mesmo os seus líderes acreditando que havia apenas um batismo, o batismo verdadeiro. O pastor donatista Petilian declarou: “Aquele que me acusa de batizar duas vezes, realmente não foi batizado uma vez. O apóstolo Paulo diz que há um só Senhor, uma só fé e um só batismo. Este batismo que professamos publicamente é o correto e os que acham que existem dois são insanos” (David Benedict, “History of the Donatists”, 1875, p. 49). Agostinho se opôs a algumas pessoas, argumentando em favor de uma disciplina flexível da Igreja, a qual permitia os pagãos não regenerados e os líderes eclesiásticos imorais, e exigindo que os donatistas se submetessem ao sistema centralizado da Igreja Católica. E como os donatistas se recusaram a se submeter a tais heresias, as autoridades católicas se juntaram aos poderes seculares, a fim de persegui-los. Muitos dos seus próprios líderes eclesiásticos foram condenados à morte e um grande número destes foi forçado ao exílio.  David Benedict, que laborou durante dez anos na história dos donatistas, trabalhando amplamente nos textos latinos, deu este resumo:

          “Os novacianos e os donatistas eram chamados puritanos, porque sustentavam que a igreja visível do Senhor Jesus Cristo não consiste nem deveria consistir senão dos que estão isentos de manchas e quedas e que todos os outros deveriam ser excluídos.  Quando a ICAR estava visivelmente repleta de membros maus, Agostinho teria dito que a disciplina dos donatistas iria dividi-la em milhares de cismas. As reformas da África  do Norte, ao contrário dos reformadores dos últimos tempos, não deixaram sua obra feita pela metade. Tendo repudiado o cabeça da Igreja, que haviam abandonado, eles também repudiaram seus membros, seus batismos, suas ordenanças e todas as suas crenças oficiais; a todos os que lhes chegavam, do antigo corpo, quer fossem bispos, anciãos, diáconos ou membros leigos, era exigido que fossem rebatizados, reordenados e renomeados em sua nova conexão, em suas estações diferentes” (Benedict: “History of the Donatists”, pp. 186/187).

          Embora não concordemos com os donatistas em cada ponto de doutrina ou prática, estamos incluindo este testemunho porque estes cristãos antigos têm sido ignorados e até difamados pelas igrejas históricas.

          Do mesmo modo como outros “Doutores” e ”Pais” da Igreja, Agostinho foi poluído com muitas heresias. Do mesmo modo que Jerônimo, ele foi batizado em Roma, o trono exato da apostasia. Ele adotou alguns dos métodos alegóricos de interpretação da Bíblia, os quais foram encabeçados por Orígenes, tendo redefinido a Igreja e o reino de Deus, com uma aliança político-eclesiástica, neste mundo presente. Ele foi o pai do amilenismoAgostinho foi o primeiro a se aventurar no ensino de que a ICAR, em sua forma empírica, era o reino de Cristo e que o reino Milenar havia começado com aparecimento de Cristo e, portanto, este era um fato consumado”. (Enciclopédia Britânica).

          Agostinho ensinou que a salvação era somente pela graça, porém confundiu o assunto, afirmando que os sacramentos eram os legítimos meios da graça, pervertendo, assim, o Evangelho da Graça de Cristo, interligando as obras à graça. (Berkhof, “The History of Christian Doctrines”,pp. 206-207). Schaff diz que o centro do sistema doutrinário de Agostinho foi a livre graça redentora de Deus em Cristo, OPERANDO ATRAVÉS DA IGREJA VERDADEIRA E HISTÓRICA (Schaff, II, p. 998). Isto é confundir a graça com o sacramentalismo da Igreja.  A verdadeira graça de Jesus Cristo não é canalizada através da Igreja; ela é oferecida diretamente ao pecador através do Senhor Jesus Cristo. Não existe mediador algum entre Cristo e o homem. O erro de Agostinho referente à graça é um dos principais erros do Romanismo.

          Agostinho ensinou também que Maria é imaculada, conferindo-lhe, blasfemamente, o que pertence exclusivamente ao Senhor Jesus Cristo. Ele também ensinou uma forma de purgatório.

          Agostinho é um dos pais da heresia do batismo infantil, tendo ensinado também que o homem é regenerado pelo batismo. Ele afirmou que os bebês não batizados estão perdidos [N.T. Vão para o fictício "limbo"]. “Originalmente, somente os adultos eram batizados; porém, no final do Século II, na África e no Século III, o batismo infantil foi introduzido e no Século IV, ele foi teologicamente apoiado por Agostinho”.  (Armitage: “A History of the Baptists”, I, pp. 216-217). Sobre o batismo infantil, Agostinho declarou pomposamente: “O que nele não crê e acha que não pode ser realizado, é de fato um infiel. (Orchard: “Concise History of the Baptists”, p. 96).

Agostinho proveu a liderança para o Concílio de Mela, em 416, o qual fez esta maligna proclamação: “Quem negar que os infantes recém nascidos  de suas mães devem ser batizados, seja anátema” (David Benedict, “A General History of the Baptist Denomination, I, p. 59).

          Agostinho exaltou a autoridade da “Igreja” acima daquela da Bíblia, dizendo: Eu não acreditaria no Evangelho se não tivesse sido obrigado pela autoridade da Igreja Universal”.

          O conhecido historiador batista Thomas Armitage observa que “Agostinho tornou-se o campeão do eclesiasticismo, do sacerdotalismo e do sacramentalismo, todos distorcidos em monstruosas proporções”.  (Armitage, I, p. 217).

Nota: Este registro sobre Agostinho é um excerto do livro “Rome and the Bible: Tracing a History of the Roman Catholicism and of its Persecution of the Bible and of the Bible Believers”, copyright, 1996, by David Cloud).

Traduzido por Mary Schultze, em 03/05/2010