segunda-feira, 15 de março de 2010

MOVIMENTOS TEOLÓGICOS

Durante a história do cristianismo surgiram diversos movimentos com pensar teológico próprio. Muitos influenciaram o momento histórico que estavam enfrentando. Tiveram boa intenção, lutaram por causas justas. Outros eram heresias puramente filosóficas.

Os fariseus surgiram para lutar pela pureza da fé judaica em época de influências externas sobre o povo de Israel. Com o desenrolar dos tempos eles se institucionalizaram, tornaram seletos, desejaram ser um grupo superior e foram paulatinamente perdendo o alvo. Quando Jesus traz a resposta de Deus para sociedade a qual os fariseus estavam inseridos, eles reagiram. Sentiram o seu estatus social ameaçado e a possibilidade de ter seu reino eclesiástico dividido.

No primeiro século o cristianismo enfrentou ataque de diversos movimentos como: gnoticismo; maniqueísmo e neoplatonismo. Períodos em que levantaram os grandes apologistas e polemistas. A igreja episcopal também se institucionalizou, passou de perseguida a perseguidora. Julgava-se seleta, superior as demais. Tornou-se colonialista e exploradora. Quando os reformistas trouxeram uma nova visão para a sociedade religiosa, os religiosos agiram com os reformistas do mesmo modo como os fariseus e os outros grupos agiram com Jesus.

Após a reforma protestante, vários movimentos surgiram dentro da igreja reformada. A igreja vivia um período acadêmico. Em oposição ao acadêmico nasceu o movimento pietista. Em oposição ao pietista nasceu o evangelho social. A cada insatisfação surge um novo movimento. Estes movimentos são estratégias de alguns grupos insatisfeitos para que a igreja não caia no mesmo erro dos fariseus e da igreja pré reforma. A saturação destes movimentos levou o evangelho a perder o crédito na sociedade e a igreja entrar em crise.

A partir dos anos sessenta começou a se desenvolver na sociedade a idéia de explorar a vontade do homem, o individualismo, o desejo do “ter e do ser”, o hedonismo e a vontade de possuir os valores da sociedade secular. Estas idéias foram entrando sorrateiramente na igreja e hoje é uma bandeira de grande número de denominações. Tais idéias encontram espaço numa igreja que está fazendo qualquer negócio para conter o êxodo dos fiéis e juntar as cascas de algumas denominações que estão falidas.

A grande questão hoje é o apóio as modas teológicas para benefício próprio ou da organização que se faz parte, ou posicionar contra este sistema tendo que passar por opressão dos religiosos. Como ter coragem de ir na contramão a esse sistema se o sucesso dos ministérios são avaliados pragmaticamente?

Como os movimentos eclesiásticos nascem e aos poucos tomam conta da igreja? Como surgem líderes com uma pregação bíblica e depois chegam ao ponto de defender heresias? Como alguns dizem que é possível chegar ao céu sem cruz e pregam um evangelho voltado para interesse humano e alvos egoístas?

A resposta certamente seria que a igreja atual está experimentando “a síndrome do sapo escaldado”. A igreja de maneira geral é levada sutilmente pela moda imposta a sociedade religiosa. O novo conceito de cristianismo está causando sorrateiramente transformações sociais e inversão de valores na igreja. Vejamos algumas destas inversões.

Comunidade por individualismo

a) Na igreja. Não há relacionamento pessoal e nem preocupação com as pessoas. Há uma crise nos relacionamentos, não há preocupação com a vida e com a caminhada de fé. Os membros são apenas membros, um número na estatística. A igreja deixou de ser participativa, e individualmente cada um procura sua prosperidade, sua benção, sua experiência pessoal.

b) Na liderança. Existe uma relação funcional e não pessoal com a igreja. Falta tempo para as pessoas. Individualistas estão em busca de conquistas pessoais.

Essencial pelo consumismo

a) Na igreja. Promessas de uma vida confortável e “feliz”. Propaganda em rádios, televisão. O evangelho é produto de consumo que vem em embalagem a gosto do consumidor. A igreja virou pragmática com visão estatística.

b) na liderança. São gerentes, empreendedores e realizadores. Pastor executivo e agente de marketing. Com regalias de um empresário bem sucedido, tem muitos auxiliares. Sua maior preocupação e como vender o produto ( o evangelho), sem perder sua fatia no mercado.

Acredito que a administração eclesiástica para voltar a ser bíblica tem que ser voltada para os relacionamentos. Esta deverá ser a administração predominante no terceiro milênio pois o existencialismo e o individualismo gera solidão e vazio por falta de relacionamento verdadeiro.

Precisamos de estratégias administrativas que tenham teologia e espiritualidade, conhecimento e amor. Nossas estratégias devem buscar um envolvimento integral com pessoas e com a vida e resgatar a noção de comunidade dentro da igreja. Quando a igreja deixa de ser comunidade participativa perde sua identidade como “ekklesia”do Senhor.

Marcos Avelino – O Marcão.

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