domingo, 23 de junho de 2013

O DÍZIMO É ANTERIOR A LEI

"E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo.
E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo."(Gênesis 14:18-20) 

"E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo." (Gn 28:20-22)
A prática de dizimar é bem mais antiga que a própria Lei. Em Gênesis 14.18-20: Abraão deu o dízimo dos despojos da guerra ao Rei Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo. Isto aconteceu aproximadamente quinhentos anos antes da promulgação da lei ao povo hebreu. Jacó ao fugir de Esau, fez um voto ao Senhor, pedindo proteção e benção em sua viagem, dizendo que ao voltar daria ao Senhor o dízimo de tudo quanto tivesse ganhado. (Gn 28.20-22). Em ambos os acontecimentos, não havia uma lei que ordenava a Abraão ou a Jacó a darem o dízimo. Eles fizeram voluntariamente. Abraão por gratidão a Deus, pois sabia que o Senhor estava no controle de tudo e sua vitória foi concedida por Ele. Jacó em retribuição as bênçãos recebidas. Não há relatos que Isaque, José ou seus irmãos dizimaram a alguém.
Alguns questionamentos

1- A passagem de Gênesis 14.20 é usada para defender a ideia de que o dízimo e superior a lei. Argumentam que: se Abrão deu o dízimo a Melquisedeque antes da Lei ser instituída então o dízimo é antes da Lei e consequentemente o dízimo persiste após o fim da Lei.

Vejamos outro texto bíblico:

"7 E estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência depois de ti em suas gerações, por aliança perpétua, para te ser a ti por Deus, e à tua descendência depois de ti.
9 Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações.
10 Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: Que todo o homem entre vós será circuncidado.
11 E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isto será por sinal da aliança entre mim e vós.
12 O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.
13 Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua.
14 E o homem incircunciso, cuja carne do prepúcio não estiver circuncidada, aquela alma será extirpada do seu povo; quebrou a minha aliança." Gênesis 17:7-14

Pelo o mesmo raciocínio podemos então afirmar que a circuncisão, aliança que Deus fez com Abraão e sua descendência,"Que todo o homem entre vós será circuncidado", persiste após o fim da lei. Lemos que Abraão em Gn 17.23-27 circuncidando-se a si, a Ismael, e a todos os homens de sua casa. Portanto Abrão circuncidou-se antes da Lei ser instituída. Logo a circuncisão é antes da Lei. Portanto a circuncisão persiste após o fim da Lei.

Se o argumento que Abrão deu o dízimo uma vez antes da lei é procedente para validar o dízimo, é da mesma forma procedente para justificar a prática da circuncisão. Você, do sexo masculino que ler esta postagem é circuncidado? é dizimista?

O argumento da circuncisão é mais contundente do que o do dízimo, porque Deus fez um pacto com Abraão na circuncisão, como perpétua, e Deus não fez nenhum pacto com Abraão com relação ao dízimo. Alias os dois dízimos antes da lei (Abrão e Jacó) foram eventos únicos. O exemplo de Abraão foi do dízimo entregue uma vez apenas, dos despojos de uma guerra, ele não ficou com nada, deu 10% a Melquisedeque e 90% deu ao rei de Sodoma e outros que o acompanharam na guerra. Gênesis 14:23-24.

2- Dizer que Abrão é Jacó foram dizimistas como prega o neopentecostalismo é uma interpretação que não tem sustentação para o tipo de dizimistas nos moldes de hoje.

Quem usa estes textos de gênesis para tentar validar os dízimos nos moldes de hoje deve observar que:

Os dízimos antes da lei era voluntário. O dízimo hoje em nossos dias é obrigatório. Em algumas denominações é prerrogativa para ser membros. Na maiorias das ditas denominações evangélicas no país, para ascender hierarquicamente dentro da instituição tem que ser dizimista. E existem outras que afirmam que para ir para ao céu, não basta apenas aceitar o sacrifício de Jesus, tem que ser dizimista.

Além do dízimo de Abraão ser voluntário, ele não dizimou de sua riqueza em particular, mais sim do que ainda não era seu ou do que pudesse ainda a ser. (Gênesis 14:17-24) Jacó fez um pacto com Deus, se Ele o ajudasse na viagem, dando pão e vestes e livrando-o, ele daria o dízimo de tudo que o Senhor concedesse a ele. Hoje é ensinado que você tem que dar para receber usando Malaquias 3:10(texto da lei. veja postagem anterior), portanto não pode-se usar estes textos anterior a lei de Moisés para defender o dízimo nos  modelos que se prega hoje.

Pelo mesmo raciocínio que se afirma que Abraão e Jacó foram dizimistas baseados numa atitude que estes fezeram uma única vez na vida (Gênesis 14.18-20 e Gn 28.20-22). Alguém pode afirmar pelo o mesmo raciocínio que Abraão e Jacó eram mentirosos pois ambos mentiram(Gn 20:2 e Gn 27:19) (Abraão mentiu dizendo que Sara era sua irmã, esporadicamente e o mesmo fez Jacó quando disse ser Esaú para receber a benção de Isaac).  E esta afirmação baseado em fatos isolados não retrata a verdade sobre a vida dos patriarcas. Portanto devemos ter MUITO CUIDADO quando se usa raciocínio lógicos em cima de textos isolados para embasar uma doutrina. Cuidado com quem afirma que: quem não dá o dízimo vai para o inferno, baseado em Ml 3:10. É preciso uma exegese mais apurada de um texto para embasar uma doutrina.

Irmão Marcos Avelino

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