sábado, 9 de julho de 2011

CRISTIANISMO E DISCIPULADO

Semana passada estive visitando duas grandes congregações da AD de ministérios diferentes e para minha surpresa em ambas ouvi sermões já pregados pelo Pr. Ricardo Gondim. Por mais esquisitas que sejam suas declarações hoje, e por mais queimado que esteja na blogosfera cristã, venhamos e convenhamos este homem influenciou a maneira de pensar de uma geração de evangélicos. Ele deixou um legado com seus escritos e com sua maneira de ver o cristianismo brasileiro. Deixou muitos admiradores e discípulos.

Entre os que influenciaram grandemente a minha cosmovisão cristã através de seus escritos ou pregações, além do Ricardo Gondim posso citar: John Stott; Dr. Russel Shedd; Rev. Caio Fábio e Pr. Carlos Queiroz da Igreja de Cristo. Entre os meus professores de teologia os que tiveram mais influenciaram minha visão cristã posso citar: Miss. Norma Boucinha; Gedeon Freire (Atual reitor do ICEC em São Paulo) e Pr. Paulo Palhano (Pr. Presidente da igreja Cristã Apostólica).

Mais entre os que realmente foram meus verdadeiros discipuladores nos caminho de Cristo posso citar Pr. Mardes Pereira, que duas vezes por semana me instruía acerca da palavra na sua residência na Avenida Visconde do Rio Branco e o Pb. Adalberto, meu pastor na antiga congregação Betesda do Beira Rio. Foi ele quem celebrou meu casamento e que me ensinou lições de vida através de atitudes cristã.

Atualmente este referencial de fazer discípulo está imêmore. Estão mais interessados em gerenciar robôs do que formar mentalidade cristã. O ensino bíblico está esquecido pelas instituições eclesiásticas. Tudo que requer profundidade, pesquisa e relacionamento com Deus não tem espaço na sociedade religiosa superficial hodierna. O discipulado é esquecido pelas tendências da administração eclesiástica atual porque produzem resultados a médio e longo prazo e a igreja tem que ter respostas simplistas e mecânicas, frases mágicas para atender as necessidades imediatas de sua clientela.

O discipulador deve ter um forte relacionamento com discípulo e um compromisso com a ordem do Senhor: Ide fazei discípulos. Os cristãos de hoje não tem compromisso nenhum com a denominação ou com seus líderes. Tem casos em que o membro nunca falou com seu “pastor”. O pastor é o gerente da igreja que age de maneira pragmática, estão ocupados demais em busca de novo modismo para atender a clientela.

Platão com 20 anos de idade tornou-se discípulo de Sócrates. O acompanhou até a sua morte. Jesus aos trinta anos começou seu ministério e seus discípulos o acompanharam até próximo a sua morte aos trinta e três anos.

O cristianismo para manter sua substância e manter suas premissas tem que rever seus princípios sobre discipulado. E uma questão de preservação e sobrevivência. Está se delineando um pseudo cristianismo com outro evangelho que não é o evangelho do Senhor Jesus Cristo. E as denominações serão apenas empresas religiosas.

O reino de Deus não se realiza automaticamente, mas através da igreja que o implementa na vida cotidiana. O discipulado leva os membros a desenvolverem o seu potencial cristão dentro do reino de Deus e torna a igreja mais influente e participante. O discipulado é a maior ferramenta para uma estratégia de expansão do cristianismo e da preservação de seus conteúdos.

Grande dificuldade da expansão cristã

Há um grande fervor escatológico em nossos dias. Tsunamis, terremotos ciclones, depravação moral e cultural. A sociedade agoniza diante de um cenário apocalíptico. E nessa efervescência, o medo e a insegurança levam as pessoas a procurar segurança na religião. As instituições religiosas estão todas com seus templos cheios, independente de ser cristão ou não.

Este é um momento propício para que um bom programa de discipulado possa influenciar um verdadeiro avivamento no nosso país.

Na época em que cursava missiologia, houve em Fortaleza, minha cidade natal um grande movimento chamado de Janela Fortaleza, quase todas as denominações existentes na cidade se uniram em prol deste evento. Veio gente do mundo inteiro para minha bela Fortaleza. O objetivo era ganhar 100.000 almas para Cristo. Ainda que alcançasse esta quota, quantos saíram das estatísticas e se tornarão cristãos? Quem foi o discipulador destas vidas?

Na minha Fortaleza as coisas acontecem como ondas. As denominações passam por um momento de uma bolha de crescimento. Depois da explosão se dividem e se esfacelam em várias ramificações. E essa divisão está ligada intrinsicamente a falta de discipulado.

A denominação que servi por nove anos passou por um processo semelhante. Começou com uma pequena missão da AD templo central, chamada de Missão Betesda que visava alcançar um segmento que a AD tradicional não estava alcançando. Começou com um pequeno espaço (4m X 12m), depois uma tenda parecida com a que a IBC usa atualmente. Então se resolveu comprar o prédio onde funcionava o café Walcan na Av. Capitão Gustavo. Era quase impossível levantar a quantia, mais através de doações conseguiram. A Igreja cresceu e precisava de obreiro para dar vasão ao crescimento tão rápido. Esse crescimento atraiu muita gente, e alguns queriam tirar proveito da situação, quando a Betesda começou a enxergar este fato, Criando o CTI, e depois o ICEC, já tinha muitos que não tinha a mesma visão, infiltrados nas suas estruturas. E começou ter alguns divisões antes mesmo dos grandes rachas atuais por questões doutrinárias.

Em 1998, decepcionado com colegas de ministério, que precisavam de discipulado para entender o que era cristianismo, deixei a Betesda. Fui para AD Tradicional. Lá eu seria mais útil. Na AD deixei discípulos.

Obreiros orientados para o resultado é o mais aceito hoje. Como escrevi em postagem anterior. Eles gerenciam a igreja, cria subordinados e conduz um pseudo crescimento em alta velocidade (é o que aconteceu com a igreja americana) Fica um vazio por falta de discipulado. Existem muitos convertidos, muitos subordinados despreparados e brigando por posição hierárquica ministerial. A igreja deixa de ser comunidade. Os membros passam apenas a ser usados pelos líderes para mostrar o desempenho ministerial. Os líderes amam as posições e usam os membros.

Estabelecer contatos mais duradouros, fazer acompanhamento pessoal, trabalhar nos relacionamentos são pontos fundamentais no discipulado e indispensáveis para que a identidade cristã sobreviva diante das pressões pós-modernas.

Após a ressurreição a ordem de Jesus ao discípulo foi: Ide fazei discípulo de todos os povos. (Mt 28:19). Ide fazei “aluno” de todos os povos

A palavra discípulo, no original significa aluno. Fazer discípulo e acompanhar, instruir e acima de tudo capacitar.

Fazer cem mil convertidos, acomodados é diferente de fazer cem mil discípulos com visão do reino e participante da obra. O cristianismo ainda não se expandiu por todo mundo, e está perdendo espaço para o islamismo e outras religiões, porque fez muitos religiosos, clientes, membros, adeptos e poucos discípulos.

De onde o cristianismo surgiu como berço missionário, hoje está quase inoperante. No lugar das suntuosas igrejas estão sendo edificados: mesquitas; casas de danças; teatros; cinemas, etc... O movimento é oposto. Não fizeram discípulos. Morrem os líderes e não tem quem o substitua.

Para concluir eu quero que você leitor faça uma reflexão: De quem você foi ou é discípulo? Quem foram os ícones do seu arcabouço de pensar cristão? Quem você esta instruindo a ser discípulo de Jesus? Quem lhe instrui biblicamente a ser discípulo de Cristo?. Ou você entre aqueles que se dizem auditadas da fé, que é ensinado por Deus?

Até breve – Marcos Avelino

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