sábado, 30 de julho de 2011

Dízimos…. e mais dízimos

Depois que Caio Fábio declarou: “Não aceite o texto de Malaquias no qual a igreja estelionatária pegou para si“;.(...) “O dizimo sempre foi estabelecido para Israel para o sustendo da ordem levítica para manutenção do templo, para distribuição aos pobres”;(...) “Hoje por estarmos no tempo da Graça e não mais na Lei, nenhuma pessoa deve levar o dízimo a nenhum templo nem lugar”. E desafiou qualquer pastor evangélico para discutir sobre o tema. Causou um verdadeiro pandemônio entre os defensores desta prática. Como não há argumentos bíblicos para derrubar a afirmação de Caio, apelam para diversas formas de ataque como: não devemos escutar quem está caído; Caio Fábio demonstra que não consegue se conformar em estar longe dos holofotes que sempre focaram-lhe nas décadas de 80 e 90; para sair do ostracismo e voltar a ocupar o patamar de antes, a melhor estratégia é acusar, atacar, apontar o dedo e diminuir os outros; no passado Caio Fábio defendeu o dízimo até onde era conveniente para ele;

Caído ou não. Querendo sair do ostracismo ou não. Este homem, que não tem nada a perder, afirmou uma verdade incontestável.

Esta semana enquanto lia no sítio http://baugospel.com.br/caio-fabio-fala-sobre-o-dizimo-e-desafia-pastores-no-brasil/ mais uma tentativa de explicação sobre a prática de dizimar, encontrei nos comentos sobre esta matéria, comentada por Giovanni, um dos estudos mais completos sobre o assunto. Vale a pena ler! Coloco abaixo o texto na íntrega.

É interessante saber responder bem à seguinte pergunta: Quando começa o Novo Testamento? É em Mateus 1 ou na Cruz? Quando alguém diz que Cristo corroborou o que o VT diz sobre o dízimo esquece também de dizer que naquela ocasião o dízimo estava em vigor e por isso Cristo disse o que disse, e especificou o que o VT sempre disse: dízimo nunca foi dinheiro, mas sempre foi alimentos (por isso Jesus falou de ervinhas e temperinhos e não de moedas e centavos).

A Lei e os Profetas duraram (profetizaram) até João Batista. Este João foi o profeta que apresentou o Messias prometido a Israel. O Antigo Testamento preparou o caminho (serviu de aio) até Cristo. “Porque o fim da Lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê”. (Romanos 10:4). Jesus Cristo mostrou aos judeus a necessidade de um novo pacto, mais aperfeiçoado. Durante o seu ministério, Jesus falou muito aos judeus, indicando que a Lei não os aperfeiçoou espiritualmente e que a tradição ofuscou muito a essência dos ensinamentos da Lei.

Por ter Jesus nascido sob a lei (Gálatas 4.4) vemos, nos Evangelhos, muitas vezes Jesus ordenando que se cumprisse o que determinou Moisés e mais algumas retratações da lei, na antiga aliança.

Dessa forma, podemos observar muitas passagens que devem ser entendidas como período de transição entre o AT e NT, que muitos confundem com NT. Por exemplo:

Em Lc 1.15 o anjo Gabriel consagra João Batista ao nazireado, conforme Nm 6.3.

Em Lucas 2.21 Jesus é circuncidado obedecendo o disposto em Levítico 12.3;

Em Lucas 2.22 Maria se purifica conforme estabelecido em Levítico 12.4;

Em Lucas 2.23 os pais de Jesus oferecem o sacrifício prescrito em Levítico 12.6-8;

Em Mateus 8.4 Jesus manda um leproso fazer o sacrifício prescrito em Levítico 14;

Em Lucas 19.8 Zaqueu se submete duplamente à pena estabelecida em Êxodo 22.9;

Em Mateus 17.24 Jesus paga o imposto estipulado em Êxodo 30.11-16

Em Mateus 26.17 Jesus e os discípulos cumprem o requerido em Êxodo 12.1-27.

Vemos então que enquanto Jesus vivia, a Lei Mosaica estava em vigor. Como entender Mt 8.4, onde Jesus ordena a apresentação de um sacrifício de animal ao que havia sido curado de lepra? É necessário que façamos isto hoje? Evidentemente que não. Da mesma forma, quando, em Mt 23.23, Jesus ordena aos fariseus que dessem o dízimo do cominho, da hortelã e do endro, devemos entender que eles estavam debaixo da mesma aliança mosaica que obrigou o leproso a cumprir o ritual de Levítico 14.

O Novo Testamento (Nova Aliança, Novo Pacto, Novo Compromisso) começa com a morte de Jesus Cristo na Cruz do Calvário; quando o véu se rasgou. Antes do sangue de Jesus Cristo ser derramado na cruz, o pacto vigente era o Antigo Testamento. Jesus em seu ministério antes da cruz, mostrou ao povo a necessidade de um melhor pacto com Deus. Demonstrou ao jovem rico que guardar a lei não o aperfeiçoou espiritualmente; demonstrou aos fariseus e escribas que dizimar não os aperfeiçoou espiritualmente; demonstrou às autoridades religiosas a sua cegueira espiritual.

Cumprir uma tarefa significa concluir uma tarefa. A Lei foi cumprida por Cristo. A Lei apontava para Cristo, serviu de aio (condutor) até o Messias. Chegado o Messias, a lei já não tem mais função. Mas o Novo Testamento só pôde ter início com a morte de Jesus Cristo na cruz.

Marcos 14:24 “E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que por muitos é derramado.”

Faço um questionamento para aqueles irmãos que dizimam porque entendem ser um mandamento válido para o cristão: Qual dos cinco dízimos que aparecem na Bíblia é entregue hoje nas igrejas? 1 – O dízimo de Abraão – Gênesis 14:17-20 2 – O dízimo do rei – 1Samuel 8:11-17 3 – O dízimo dos levitas – Números 18:21-24 4 – O dízimo das festas – Deuteronômio 14:22-27 5 – O dízimo dos pobres – Deuteronômio 14:28-29 Estes são dízimos bíblicos. Se o que tu praticas não for nenhum destes, não é um dízimo bíblico.

O DÍZIMO É BÍBLICO, MAS NÃO É MANDAMENTO PARA O CRISTÃO. Deus faz alianças. Fez uma com Noé. Fez outra com Abraão. Fez outra com o povo de Israel no Sinai. Fez conosco (gentios), por Jesus Cristo. A aliança com Abraão não tinha como mandamento o dízimo, mas sim a circuncisão. O dízimo dado a Melquisedeque foi voluntário. Além de voluntário, foi dado uma única vez. Além de voluntário e dado uma só vez, foi a partir de despojos de guerra. Além de tudo isso, os outros 90% Abraão devolveu ao rei de Sodoma. O QUE TEM ESSE DÍZIMO A VER COM O QUE SE DÁ TODO MÊS NAS IGREJAS? A aliança que Deus fez com ISRAEL no Sinai tinha como ordenança a prática de dizimar. Era a base de sustento do sacerdócio levítico e também promovia a justiça social (Deuteronômio 14:23-29). Peço atenção especial ao último versículo deste texto indicado. A promessa de prosperidade estava CONDICIONADA ao fato de o dizimista abençoar a vida do pobre e do deserdado. Era a condição para a bênção divina. Apenas os LEVITAS e os POBRES tinham autoridade para receber dízimos. MAIS NINGUÉM, nem os sacerdotes. O QUE TEM ESSE DÍZIMO A VER COM O QUE SE DÁ TODO MÊS NAS IGREJAS? Malaquias foi escrito dentro do contexto do Pacto do Sinai. É o último livro do Velho Testamento. Quem quiser realmente compreender o texto de Malaquias deve ler Neemias e Esdras, seus contemporâneos. Em Neemias encontra-se muito mais sobre dízimo do que em Malaquias.

Havia turmas de sacerdotes e levitas que serviam no templo. Cada turma ficava uma semana no templo. Os dizimistas entregavam dízimo aos levitas e esses, por sua vez, separavam o dízimo dos dízimos (que tinha que ser a melhor parte dos dízimos recebidos por eles) e levavam a uma câmara do templo, chamada casa do tesouro, onde eram depositados os mantimentos (alimentos) para o sustento da turma da semana no serviço do templo. Acontece que os levitas não entregavam o melhor muitas vezes. E os sacerdotes não queimavam a melhor parte das ofertas que eles recebiam, conforme a lei e ainda roubavam alimentos. Havia, desta forma, grande desleixo e irresponsabilidade.

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro” foi escrito para os levitas, pois a eles somente cabia levar dízimos a essa câmara (Neemias 10:38). DEUS NUNCA MANDOU O DIZIMISTA TRAZER DÍZIMO À CASA DO TESOURO. E, como vimos, a casa do tesouro não era o templo, muito menos é hoje o prédio da congregação, mas um depósito apenas. O QUE TEM ESSE DÍZIMO A VER COM O QUE SE DÁ TODO MÊS NAS IGREJAS? Quem teria a autoridade espiritual de receber dízimo hoje? A viúva, o órfão e o estrangeiro (Deuteronômio 14:28-29) – o pobre recebia dízimo no Antigo Testamento. Hoje, quem tem pouco ainda é obrigado a tirar 10% pois senão estará “roubando de Deus”. Que covardia! Que infâmia! Na ausência do templo e do serviço levítico no templo, resta hoje apenas a outra categoria de pessoas com autoridade para receber dízimos: o órfão, a viúva e o estrangeiro (ou seja, os pobres e necessitados).

Dízimo é para pagar contas?

Por que uma igreja não sobreviveria hoje somente com ofertas? Por que alguns entendem que oferta é necessariamente menos do que 10% da renda mensal?

Vimos em Atos que as ofertas podem ser muito mais do que 10%, quando os membros da igreja têm compromisso com missões e caridade.

Mas o dízimo era, no passado, usado para construção, reforma e aquisições para o templo? Não, pois não se tratava de dinheiro, mas de alimentos para o levita, o órfão, a viúva e o estrangeiro peregrino (Deuteronômio 14:28-29). A promessa de bênção ao dizimista veterotestamentário estava diretamente relacionada ao versículo 29. Basta conferir na sua Bíblia. Mas, então, como o templo foi construído e mantida a sua estrutura? De onde vinham os recursos para a construção? Resposta – Da mesma fonte dos recursos da construção do tabernáculo, em Êxodo: das ofertas voluntárias.

Muitos confundem dízimo com primícias e ofertas. São coisas diferentes na Bíblia. “Honra ao Senhor com as primícias de tua renda” não se referia ao dízimo. A viúva que depositou duas moedinhas na arca do tesouro, e que recebeu elogio de Jesus, estava ofertando e não dizimando. Ofertas podiam ser em dinheiro, dízimo, porém, apenas em alimentos.

Se numa aliança menos perfeita, os dízimos eram para o sustento dos deserdados, dos pobres e dos necessitados, hoje, em uma aliança melhor, teriam uma destinação menos nobre? O OBJETIVO DA PROSPERIDADE – Muitos interpretam erroneamente a frase “abrir as janelas do céu” (ver o significado em Gênesis 7:11 e 8:2) como uma promessa de Deus para a vida financeira. De certa forma era, pois a chuva dava ao agricultor e ao pecuarista judeus uma boa expectativa com relação à sua produção rural. Mas tudo dentro do contexto correto. A observância do dízimo, pela justiça social que o mesmo produzia, era a garantia de prosperidade para o povo de uma maneira geral, pois a terra produziria abundantemente. Observe atentamente que a promessa era diretamente relacionada ao cuidado com os pobres (Deuteronômio 14:29). Podemos afirmar que era a condição para a bênção.

Só seria abençoado se abençoasse os pobres. PROMESSAS -> O justo será abençoado com saúde, prosperará e terá galardão mediante o auxílio amoroso e sincero ao pobre e ao necessitado. SALMO 41:1-3 / ÊXODO 22:21-25 / PROVÉRBIOS 19:17 / PROVÉRBIOS 22:9LUCAS 14:12-14 / 2CORÍNTIOS 9:9 / MATEUS 25:34-40 EXORTAÇÕES -> Deus exorta àqueles que O amam a cuidar do pobre e do aflito. DEUTERONÔMIO 15:4-11 / DEUTERONÔMIO 24:14-15 / PROVÉRBIOS 14:31 / TIAGO 1:27 JUÍZOS -> Consequências para os que desprezam ou maltratam os desamparados. JÓ 20:15-21 / PROVÉRBIOS 21:13 / PROVÉRBIOS 28:27 / MATEUS 25:41-46 / TIAGO 4:3 A segunda parte do pacto com Abraão ordena: “Sê tu uma bênção” (Gênesis 12:2). Em Mateus 22:35-38, o Senhor Jesus compara o mandamento de amar a Deus com o de amar ao próximo. Essa lição é reafirmada em Mateus 25:31-34 quando o Senhor diz que quem cuida do necessitado e do aflito honra ao próprio Senhor Jesus.

Quando surgiu o dízimo na igreja cristã? Você sabia que o dízimo foi cobrado pela igreja só depois de 500 anos da partida de Jesus? Foi introduzido, embora com pouco êxito inicial, no Concílio local de Mâcon, no ano 585. Apenas uns duzentos anos após isso é que ganhou força, passando a ser considerado tributo obrigatório à Igreja Católica (por Carlos Magno, de 777 d.C).

Portanto, para aceitarmos a prática do dízimo, principalmente com o grande desvio de finalidade como vemos hoje, teremos que desprezar o estudo da Bíblia e também a história da Igreja, incluindo os apóstolos e os líderes dos primeiros séculos da história do Cristianismo.

“Os que possuem alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dão o que bem lhes parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui a órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados, aos que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se torna o provedor de todos os que se encontram em necessidade.” (JUSTINO MÁRTIR, 100 A 165 d.C.). Atos 15:5-11. (dízimo, além de nunca ser dinheiro, é Lei Mosaica).

2Coríntios 9:7. (se pré-estipular não é conforme propõe no coração, nem é livremente, nem é sem constrangimento, mas por “medo de estar roubando a Deus” e por “medo do devorador”).

Hebreus 7:11-22 (dízimo era base de sustento do sacerdócio levítico e este falhou miseravelmente). Hoje, infelizmente, a religiosidade desviou a sua finalidade inicial, sendo recolhido e aplicado para fins diversos. Além disto, restaurou-se em boa medida a força da Lei e suas maldições, numa clara afronta à Graça. Também é utilizado dentro do âmbito da famigerada teologia da prosperidade, servindo para introduzir sementes de ganância e egoísmo no meio da congregação dos crentes. Fiquemos, pois, com a simplicidade do Evangelho, nas palavras de Tiago 1:27: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo”. Amém.

CONCLUSÃO

1) Malaquias não foi dirigido aos cristãos, mas aos judeus. Era um texto completamente da LEI. A Lei Mosaica não está em vigor para nós, cristãos, pois foi cumprida por Jesus. Hoje estamos sob a Graça.

ATOS 15 – nesse capítulo vemos os judeus cristãos ensinarem aos gentios cristãos que estes deveriam guardar a Lei. Os apóstolos, ao saberem disso, repreenderam aqueles que estavam ensinando a Lei, pois não era essa um pacto entre Deus e os cristãos, mas entre Deus e Israel.

É por isso que não guardamos mais o sábado, nem nos circuncidamos, nem cumprimos mais os outros 613 preceitos da Lei. Só o dízimo perdurou.

2) O apóstolo Paulo diz: “Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gálatas 3:10). Nesse caso, quem entrega o dízimo e não cumpre todos os 613 mandamentos da Lei de Moisés está recebendo maldição, em vez da bênção propalada pelos pastores e líderes malaquianos. Leiam todo o Livro de Gálatas e atentem bem nos ensinos de Paulo.

3) As igrejas que exigem dízimos e ofertas elevadas, mesmo sendo o dizimista e o ofertante muito pobres são muitas vezes dirigidas por pastores sem um curso teológico, com má interpretação do fundamento e finalidade dos dízimos e das ofertas. Outros se deixam levar pela tradição ou pelo medo de a arrecadação diminua, tornando a Igreja sem recursos. Isso não está certo, pois Deus tocará os corações dos ofertantes e a igreja sempre estará funcionando e sendo vitoriosa.

4). Jesus defendeu a entrega dos dízimos pelos fariseus, pois Ele veio para as ovelhas perdidas da Casa de Israel e estava cumprindo toda a Lei. Mas a Igreja vive na GRAÇA, conforme nos ensina Paulo, a quem o Senhor entregou o apostolado dos gentios. DÍZIMO COMO ORDENANÇA É PRECEITO UNICAMENTE MOSAICO, E QUEM PROCURA JUSTIFICAR-SE PELA OBSERVÂNCIA DA LEI ESTÁ:

Tornando sem valor a morte de Cristo (Gálatas 2:21)

Vivendo na carne e não no Espírito (Gálatas 3:2,3)

Colocando-se debaixo da maldição (Gálatas 3:10)

Metendo-se debaixo de jugo (Gálatas 5:1; Atos 15:10)

Separando-se de Cristo e caindo da Graça de Deus (Gálatas 5:4)

Pondo-se debaixo do ministério da morte e da condenação (II Coríntios 3:7-9) OBSERVAÇÃO IMPORTANTÍSSIMA – Após esse estudo, talvez a tua visão sobre o objetivo do dízimo tenha sido tremendamente modificada. Tenhas muita sabedoria ao conversar com alguém sobre esse assunto, pois a nossa liberdade não pode servir de escândalo ao irmão. E que fique bem claro que as ofertas são um ensinamento cristão e são muito úteis para a promoção do Reino de Deus. Oferte com generosidade e muita alegria no coração, pois é mesmo um privilégio.

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