sábado, 23 de julho de 2011

Dízimo… Dízimo… Dízimos…

Existem algumas práticas do judaísmo, que foram tiradas de elementos da cultura da época e separada ou adaptada para uso judaíco e, portanto, bem anteriores a lei de Moisés. A pascoa, que era uma festa entre os pastores nômades que comemoravam a entrada da primavera, e Deus descreveu o sacrifício do cordeiro e tornou uma festa particular - a páscoa do Senhor (Gn 12:11 ). Outra prática anterior a lei de Moisés está a prática de dizimar a uma autoridade representante da divindade. E Deus descreveu as regras, os objetivos e o uso dos dízimos na lei para o povo de Israel. Nesta postagem pretende-se fazer uma reflexão sobre uma destas práticas, o dízimo.

Discordo de quem afirma que o dízimo não pode ser dado para quem vive sobre a graça de Jesus. O cristão hoje é livre, se ele quiser dizimar o faz de por gratidão e não por obediência a lei. No Antigo testamento havia uma obrigatoriedade para com a lei, hoje há uma voluntariedade como era na era anterior a lei.

A prática de dizimar é bem mais antiga que a própria Lei. Em Gênesis 14.18-20: Abraão deu o dízimo dos despojos da guerra ao Rei Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo. Isto aconteceu aproximadamente quinhentos anos antes da promulgação da lei ao povo hebreu. Jacó ao fugir de Esau, fez um voto ao Senhor, pedindo proteção e benção em sua viagem, dizendo que ao voltar daria ao Senhor o dízimo de tudo quanto tivesse ganhado. (Gn 28.20-22). Em ambos os acontecimentos, não havia uma lei que ordenava a Abraão ou a Jacó a darem o dízimo. Eles fizeram voluntariamente. Abraão por gratidão a Deus, pois sabia que o Senhor estava no controle de tudo e sua vitória foi concedida por Ele. Jacó em retribuição as bênçãos recebidas. Não há relatos que Isaque, José ou seus irmãos dizimaram a alguém.

Apesar dos líderes (pastores, bispos, apóstolos, patriarcas, etc...) citarem excessivamente o antigo testamento para defender a obrigatoriedade do dízimo, mesmo se dizendo levitas, não estão dispostos a pagar o preço de ser levita. Pois os levitas não podiam ter posses ou herança. “Disse também o Senhor a Arão: Na sua terra, herança nenhuma terás e, no meio deles, nenhuma porção terás. Eu sou a tua porção e a tua herança no meio dos filhos de Israel.” (Nm 18.20). Os Dízimos hoje são cobrados para os líderes manterem a pompa. Carros de luxo, coberturas, prédios suntuosos etc... O Dízimo na lei de Moisés era destinado a prover as necessidades básicas dos levitas. ”Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação. E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas farão o serviço da tenda da congregação e responderão por suas faltas; estatuto perpétuo é este para todas as vossas gerações. E não terão eles nenhuma herança no meio dos filhos de Israel. Porque os dízimos dos filhos de Israel, que apresentam ao Senhor em oferta, dei-os por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel, nenhuma herança tereis.” (Nm 18.21-25) Veja também II Cr 31.13-19

Os dízimos também tinha como finalidade a beneficência aos estrangeiros, órfãos e as viúvas. “Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que estão dentro da tua cidade, e comerão, e se fartarão, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todas as obras que as tuas mãos fizerem.” (Dt 14.29). Atualmente as “igrejas“ fazem o culto do quilo (cada membro traz um quilo de algum alimento), ou arrecadam alimentos na comunidade para fazer cestas básicas para darem aos mais necessitados da congregação. Tocar no dízimo para este fim é fora de cogitação, mesmo sendo bíblico.

Atualmente os dízimos estão sendo direcionados para os proprietários das denominações, ou para a oligarquia religiosa que as comandam. Portanto os dízimos no antigo testamento estavam destinados a suprirem os levitas, não eram usados para construção do tabernáculo ou do templo. O dízimo não era dinheiro, nem ouro e nem prata. Lendo Dt 14.24-27, isso fica bem claro.

Hoje vivemos na dispensação da graça, houve mudança na ordem sacerdotal e da lei. Na epístola aos hebreus, a palavra assevera que a lei de recolher o dízimo do povo foram dada aos sacerdotes filho de Levi e que este sacerdócio tem uma ordem. “Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm mandamento de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de Abraão.”(Hb 7.5)

7Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior. 8Aliás, aqui são homens mortais os que recebem dízimos, porém ali, aquele de quem se testifica que vive. 9E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. 10Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste 11Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão? 12Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei.. “(Hb 7.7-12)

O texto acima deixa claro que os sacerdotes Levíticos recebiam os dízimos segundo a lei (v 5), Porque através deles (sacerdotes Levíticos) o povo recebeu a lei (v 7) e mudando-se o sacerdócio, a lei precisa também ser mudada (v.12). Deus enviou outro sacerdote porque o sacerdócio levítico não era perfeito (v11). Toda a lei de Moisés foi abolida por Jesus, inclusive o dízimo. Os líderes religiosos atuais não são da ordem levítica, e as regras para o dízimo fora direcionada especificamente aos filhos de Levi, aos que receberam o sacerdócio do Senhor Deus. E Jesus afirmou que a lei e os profetas duraram até João (Lucas 16.16). Mudou o sacerdócio e a lei, inclusive a obrigatoriedade do dízimo.

Além do texto de hebreus, existem mais duas referências ao dízimo no novo testamento. Vejamos: Em (Mt 23.23 e Lc 11.42) Jesus censurou os escribas e fariseus, dizendo-lhes: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas! 24Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!

Esta é a única passagem no novo testamento que os defensores da obrigatoriedade do dízimo usam em defesa de sua teoria. Mas Jesus está afirmando que a justiça, a bondade e a honestidade são mais importantes que o dizimar. Afirmam que embora dizendo que o dízimo é menos importante que a justiça, a misericórdia e a fé, ele recomendou a manutenção dessa ordenança da lei, dizendo: “devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!”. A razão de Jesus ter afirmado isso é que naquele momento Ele estava cumprindo a lei. O fim da lei é Cristo (Rm. 10:4). Portanto, Jesus ainda não tinha sido crucificado. A nova dispensação não se iniciou com o Seu nascimento, mas na Sua morte (Gl 3.22-25 e 4.4, 5). O sinal foi o véu do templo rasgado de alto a baixo. Naquele momento toda a ordenança da lei de Moises foi encerrada, iniciado a nova aliança pelo Seu sacrifício.

Jesus disse: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.”( Mt 5.17 e 18). E Jesus cumpriu a todo o cerimonial da lei conforme (Lc 2.22-39). O apóstolo Paulo afirma que se a justiça provem da lei,  segue-se que Cristo morreu em vão (Gl 2.21).

Jesus disse: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos  céus.” (Mt 5.20). Foi exatamente para os escribas e fariseus que Jesus ordenou que cumprissem a lei de Moisés, a qual ordenava o dízimo. (Mt 23:23) Na nova aliança não precisamos voltar a ritual da lei Mosaica, não somos judaizantes ou uma seíta do judaísmo, não somos remendo novo em pano velho. O cristianismo é vinho novo e não pode se colocado em odres velhos..

O mais interessante é que atualmente quando as instituições que usam esta passagem como base para defender a obrigatoriedade dos dízimos vão escolher seus líderes, eles consideram o primeiro critério ser dizimista. E se o dízimo for alto ai então não precisa nem provar ser honesto e justo.

A Outra passagem neotestamentária que se refere a dízimo está na parábola do fariseu e do publicano (Lc 18.9-14), ”Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado”.

Jesus colocou outra vez o dízimo, e outros rituais da lei como coisa menos importante. Suplicar a misericórdia do Senhor é superior a ser dizimista fiel. Quanta semelhança com os nossos dias em que o dízimo esta se transformando em instrumento de troca com Deus! Colocam até Deus na parede exigindo a benção em troca dos dízimos dado. O apóstolo Pedro adverte sobre este nosso tempo em II Pedro 2.1-4.

Em algumas instituições religiosas é vetado ao líder dizimar no local onde administra. Porque o líder não pode administrar seu próprio dízimo. Vejamos o texto: “Quando o caminho te for comprido demais, que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que o Senhor, teu Deus, escolher para ali pôr o seu nome, quando o Senhor, teu Deus, te tiver abençoado, então, vende-os, e leva o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que o Senhor, teu Deus, escolher. Esse dinheiro, dá-lo-ás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, ou ovelhas, ou vinho, ou bebida forte, ou qualquer coisa que te pedir a tua alma; come-o ali perante o Senhor, teu Deus, e te alegrarás, tu e a tua casa; porém não desampararás o levita que está dentro da tua cidade, pois não tem parte nem herança contigo..”  (Dt 14.24-27).

Impossibilitado de dar o dízimo, O Senhor instruiu, que o seu dízimo deveria ser vendido, e o dinheiro colado na tua mão, (não na mão do levita, nem do pastor) e comprar o que tua alma desejar, no local onde o Senhor escolher para ali por o seu nome. Aqui está um caso em que o Senhor ordena a administrar seu dízimo. Além de não desamparar o homem de Deus que está na tua cidade.

Não estamos mais debaixo da obrigatoriedade da lei, e não também devemos nos submeter a escravidão institucional. Se você conhece um obreiro, e sabe que ele é homem de Deus, e o Espírito de Deus te tocar, você pode dar tua oferta, dízimo ou contribuição para salário dele. Como Abraão dizimou a Melquisedeque no período anterior a lei. Isso é melhor do que você dar dinheiro para uma “igreja” que está contribuindo para outro cristianismo, um pseudo cristianismo que defende o aborto como planejamento familiar e usa seu dízimo para comprar rádio ou televisão a serviço do anticristianismo.

Você quer contribuir para o reino de Deus ou reino do Diabo?. Os lobos devoradores afirmam que não se deve procurar saber o que estão fazendo com os dízimos. O dever do mebro é dar, o deles e administrar. “Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos “(Ap 18.4)

As instituições religiosas de hoje ensinam: a usar o dízimo como instrumento de barganha; como fundo de investimento da fé; como intermediário entre a benção e Deus, ou como porção repelente do devorador. Não tendo base bíblica no novo testamento apelam para o antigo testamento, um dos textos mais usados é Malaquias 3:10. No entanto se meditarmos nos livros de II Cr 31.5-12 e Ne 12.44-47 vamos encontrar a resposta porque Deus mandou Malaquias levar o dízimo a casa do tesouro. Lá você encontra que tipo de mantimentos são esses. Em Atos dos apóstolos 7.48 e 17.24 a Palavra afirma que Deus não habita em templos feitos por mãos de homens. Quando Jesus ordenou os discípulos a pregar, ele falou:” Nada leveis para o caminho: nem bordão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem deveis ter duas túnicas”( Lc 9:3)

Os dízimos não são obrigatórios na graça, mas quem quer usar a lei para o tornar obrigatório também tem cumprir o que a lei determina. Se alguém quiser dizimar hoje, o faz por adoração a Deus. Voluntarimente, sem pressão institucional como era anterior a lei.

"Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam" (Sl 24.1). Você é apenas um mordomo, tudo é do Senhor e não apenas 10%. Deus requer muito mais que o dízimo, Ele quer sua vida, suas atitudes.

Como participantes de uma alian­ça superior, temos sido contemplados com maiores bênçãos. O crente na atual dispensação é levado a contribuir constran­gido pela lei do amor e da gratidão, por estar recebendo maiores bênçãos de Deus (SI 103.1,2). E independente de dízimos, no novo testamento encontramos base para contribuir para o sustento renumerado de obreiros que dão tempo integral à obra de Deus. Sem o profissionalismo religioso. Vejam-se os exemplos: Paulo recebeu salário de determinadas igrejas para servir aos crentes em Corinto (2 Co 11.8); O pastor que emprega tempo integral na assistência à igreja é digno do seu salário (1 Tm 5.18); Paulo ensinou à igreja de Corinto a sustentar os pregadores do Evangelho (1 Co 9.4-14); Timóteo foi advertido por Paulo a não cuidar dos negócios seculares para se sustentar (2 Tm 2.4); Pedro disse que a única ocupação dele e de seus companheiros de ministério era a oração e a pregação (At 6.4); Os apóstolos de Jesus viviam das ofertas que recebiam. Em João 12.6 lemos que existia uma bolsa onde eram depositadas as contribuições para o sustento dos discípulos, e Judas fazia as com­pras com o dinheiro aí depositado (Jo 13.29).

O dízimo é bíblico e está na lei. Mas também  é bíblico: “A circuncisão (Gn 17.23 a 27);  o sacrifício de animais. (Lv  6.8-13); o apedrejar  adúlteros (Lv 20.10 e Dt 22.22); a guarda do sábado (Lv 23.3) e outros preceitos. É bíblico, mas para quem vivia sob a lei. Você cumpre todas estas ordenanças na graça? Porque só os dízimos? Pense nisso.

Marcos Avelino.

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