sábado, 5 de julho de 2014

A Surpreendente Conexão entre o Calvinismo e o Catolicismo

Será que o Calvinismo É Realmente uma Crença Protestante?

Caro Irmão Carlos, continuando aquela coversa que tivemos por telefone sobre algumas versões da bíblia, gostaria que você lesse o texto abaixo extraído de parte do capítulo 4 do livro de Dave Hunt Que Amor é Esse?: Calvinismo uma falsa representação de Deus

Não copiei todo capítulo, mais propositalmente deixei o texto longo para você entender o contexto do que ele estava expondo antes de começar a falar de algumas versões da bíblia.

 Será que o Calvinismo É Realmente uma Crença Protestante?

 Que hoje muitos evangélicos proeminentes ainda estão sob o feitiço de Agostinho é evidente – e surpreendente, considerando suas numerosas heresias. Norman Geisler disse, “Santo Agostinho foi um dos maiores pensadores cristãos de todos os tempos”. No entanto, Agostinho disse, “Eu não deveria crer no Evangelho a não ser que eu fosse movido a fazê-lo através da autoridade da Igreja [Católica]”. Essa declaração foi citada com grande satisfação pelo Papa João Paulo II, no ano de 1986, na festa de aniversário do décimo sexto centenário da conversão de Agostinho. O Papa passou a dizer:


O legado de Agostinho... são os métodos teológicos a respeito dos quais ele permaneceu absolutamente fiel... integralmente unido à autoridade da fé... revelada através da Escritura, da Tradição e da Igreja.... Da mesma forma o profundo senso de mistério – “pois é melhor”, ele exclama, “ter uma ignorância fiel do que um conhecimento presunçoso...”. Quero expressar mais uma vez o meu desejo ardente... de que a autoridade do ensino desse grande doutor e pastor possa florescer sempre mais satisfatoriamente na Igreja....


Em meu debate com James White, ele afirma que “Calvino refutou esta mesma passagem nas suas Institutas e qualquer leitura honesta dos próprios escritos de Agostinho desmente essa deturpação de Hunt”. De fato, Calvino reconheceu a autenticidade da declaração e tentou defendê-la como raciocínio legítimo para aqueles que não tinham a certeza da fé dada pelo Espírito Santo.

 Vance oferece inúmeras citações surpreendentes dos calvinistas elogiando Agostinho: “Uma das maiores mentes teológicas e filosóficas que Deus assim achou por bem dar à Sua Igreja”. “O maior cristão desde os tempos do Novo Testamento... o maior homem que já escreveu em latim”. “[Suas] obras e escritos, mais do que os de qualquer outro homem na época em que viveu, contribuíram para a promoção da sã doutrina e para o restabelecimento da verdadeira religião”.

 Warfield acrescenta, “Agostinho estabeleceu de uma vez por todas a doutrina da graça”. No entanto, ele [Agostinho] acreditava que a graça vinha através dos sacramentos da Igreja Católica Romana. Essa abundância de elogios calvinistas a Agostinho facilita compreender por que eles amontoam os mesmos elogios sobre Calvino.

 Quanto à formação das doutrinas e práticas do Catolicismo Romano, a influência de Agostinho foi a maior da história. Vance nos lembra que Agostinho foi “um dos quatro originais ‘Doutores da Igreja’ do Catolicismo [com] um dia de festa [dedicado a ele] na Igreja Católica em 28 de agosto, o dia de sua morte”. O Papa João Paulo II chamou Agostinho de “o pai comum da nossa civilização cristã”. William P. Grady, por outro lado, escreve, “O iludido Agostinho (354-430) foi tão longe a ponto de anunciar (através de seu livro, A Cidade de Deus) que Roma tinha tido o privilégio de inaugurar o reino milenar (de outra forma conhecido como a ‘Idade das Trevas’).”.


Extraindo de um Córrego Poluído
 
Sir Robert Anderson lembra que “a Igreja [Católica] Romana foi moldada por Agostinho na forma que desde então ela tem mantido. De todos os erros que séculos mais tarde desenvolveram nos ensinamentos da igreja, dificilmente há um que não seja encontrado de forma embrionária em seus escritos”. Esses erros incluem o batismo infantil para a regeneração (bebês que morrem sem batismo estão condenados), a necessidade do batismo para remissão dos pecados (o martírio, como no Islã, também faz remissão de pecados), purgatório, salvação somente na Igreja através de seus sacramentos e perseguição daqueles que rejeitam os dogmas católicos. Agostinho também aceitou os livros apócrifos (que ele admitia que até mesmo os judeus rejeitavam), a interpretação alegórica da Bíblia (assim, o relato da criação, os seis dias, e outros detalhes em Gênesis não são necessariamente literais) e a rejeição do reinado literal e pessoal de Cristo na Terra durante o milênio (nós estamos agora, supostamente, no reino milenar de Cristo, com a Igreja reinando e o demônio atualmente amarrado).
 
Agostinho insiste que Satanás está agora “amarrado” baseado em que “até agora os homens são, e sem dúvida até o fim do mundo serão, convertidos da incredulidade, na qual ele [Satanás] os mantém, à fé”. Que ele vê a prometida amarração de Satanás no “abismo” (Ap 20.1-3) de forma alegórica está claro. Surpreendentemente, Satanás “está amarrado em cada caso no qual ele é saqueado de um dos seus bens [isto é, alguém que crê em Cristo]”. E ainda mais surpreendente, “o abismo no qual ele está amordaçado” é algo interpretado por Agostinho como estando “nas profundezas” dos “corações cegos” daqueles que rejeitam a Cristo. É assim que Satanás está continuamente amordaçado como em um abismo.
 
Agostinho não tenta explicar como ele chegou a essa incrível conclusão, muito menos como um abismo poderia existir em milhões de corações ou como, estando “amarrado” lá, Satanás ainda estaria livre para cegar aqueles em cujos “corações” ele está supostamente amarrado (2Co 4.4). Ele também não explica como ou por que, apesar de Satanás está sendo mantido aprisionado,

Cristo comissionou Paulo para converter judeus e gentios “do poder de Satanás para Deus” (At 26.18)

Paulo podia entregar o fornicador de Corinto a Satanás (1Co 5.5)

Satanás pode transformar-se “em anjo de luz” (2Co 11.14)

Paulo alertaria os crentes de Éfeso a não “dar lugar ao Diabo!” (Ef 4.27) e a instá-los e a nós hoje a “permanecer firmes contra as astutas ciladas do Diabo” (Ef 6.11)

Satanás ainda podia estar ao derredor “como um leão rugindo... buscando a quem possa tragar” (1Pe 5.8)

Satanás ainda podia ser capaz de continuamente acusar os cristãos diante de Deus e, com os seus anjos, ainda guerrear nos céus contra “Miguel e seus anjos” e, finalmente, ser lançado do céu à Terra (Ap 12.7-10)

Agostinho foi um dos primeiros a colocar a autoridade da tradição no mesmo nível que a Bíblia, e a incorporar muita filosofia, especialmente o Platonismo, em sua teologia. Expondo a tolice dos que elogiam Agostinho, Vance escreve:

Ele acreditava na sucessão apostólica de Pedro como uma das marcas da verdadeira igreja, ensinava que Maria era sem pecado e promoveu o seu culto. Ele foi o primeiro a definir os assim chamados sacramentos como um sinal visível da graça invisível.... O memorial da Ceia do Senhor tornou-se o da presença espiritual do corpo e sangue de Cristo. Para Agostinho a única igreja verdadeira era a Igreja Católica. Escrevendo contra os donatistas, ele afirmou: “Somente a Igreja Católica é o corpo de Cristo... Fora deste corpo, o Espírito Santo não dá vida a ninguém... [e] não é participante do amor divino aquele que é inimigo da unidade. Portanto, aqueles que estão fora da Igreja não têm o Espírito Santo”.

E é este o homem que Norman Geisler chama de “um dos maiores pensadores cristãos de todos os tempos”. Pelo contrário, Calvino extraiu de um córrego altamente poluído quando abraçou os ensinamentos de Agostinho!  Como alguém poderia mergulhar em tal heresia contaminante sem se tornar confuso e infectado? No entanto, essa confusão desconcertante de especulação e Catolicismo Romano em desenvolvimento é reconhecida como a fonte do Calvinismo – e é elogiada por líderes evangélicos. Chega-se a ficar chocado diante do amontoado de elogios tanto a Calvino quanto a Agostinho por líderes cristãos em outros casos confiáveis.

 
Uma Incrível Contradição

O quase completo acordo entre Calvino e Agostinho e os repetidos louvores de Calvino a Agostinho não pode ser negado. Calvino chamou a si mesmo de “um teólogo agostiniano”. De Agostinho ele disse, “a quem citamos com frequência, como sendo a melhor e a mais fiel testemunha de toda a antiguidade”.

Os próprios calvinistas insistem na ligação entre Calvino e Agostinho. McGrath escreve: “Sobretudo, Calvino considerava seu pensamento como uma exposição fiel das principais ideias de Agostinho de Hipona”. Wendel admite, “Nos pontos doutrinários ele (Calvino) toma emprestado de Santo Agostinho com as duas mãos”. Vance escreve:

Seja como for, para provar conclusivamente que Calvino era um discípulo de Agostinho, não precisamos olhar além do próprio Calvino. Ninguém consegue ler cinco páginas nas Institutas de Calvino sem ver o nome de Agostinho. Calvino cita Agostinho mais de quatrocentas vezes nas Institutas apenas. Ele chamou Agostinho por títulos como “homem santo” e “pai santo”.

Como Vance aponta adicionalmente, “os calvinistas admitem que Calvino foi fortemente influenciado por Agostinho na formação da sua doutrina da predestinação”. Como poderia um dos líderes da Reforma abraçar tão plenamente as doutrinas de alguém que tem sido chamado o “principal criador teológico do sistema latino-católico distinto do... protestantismo evangélico...”?

A admiração de Calvino por Agostinho e a sua acolhida de grande parte de seu ensino é apenas uma das várias e grandes contradições em sua vida, que serão totalmente documentadas neste livro. A situação é contraditória pelo lado católico também. Seus dogmas rejeitam algumas das mais importantes doutrinas sustentadas pelo mais famoso dos seus santos – as mesmas doutrinas agostinianas que Calvino abraçou.

Aqui nos deparamos com uma estranha anomalia. Warfield declara que “foi Agostinho quem nos deu a Reforma” – porém, ao mesmo tempo, ele também reconhece que Agostinho foi “em um verdadeiro sentido, o fundador do Catolicismo Romano” e “o criador do Santo Império Romano”.

Estranhamente, Calvino aparentemente falhou em reconhecer que Agostinho nunca compreendeu a salvação pela graça somente, através da fé somente, e em Cristo somente. Philip F. Congdon escreve, “Outro paralelo curioso é evidente entre a teologia calvinista clássica e a teologia católica romana. As duas compartilham a inclusão das obras na mensagem do evangelho, e uma impossibilidade de segurança da salvação... Ambas sustentam a primazia da graça de Deus; ambas incluem a necessidade de nossas obras”. As heresias de Agostinho, especialmente sua visão romanista da fé em Cristo sendo suplementada pelas boas obras e pelos sacramentos, não se perderam com Lutero, que escreveu: “No começo, eu devorava Agostinho, mas quando... entendi o que era realmente a justificação pela fé, descartei-o”.

No entanto, líderes calvinistas sugerem que eu estou lado a lado com o Catolicismo Romano ao rejeitar o Calvinismo, não obstante o Calvinismo tenha vindo em grande medida do maior católico romano, Agostinho. Aqui está a forma como um escritor se expressou a mim:

E visto que a posição que você defende é, de fato, totalmente oposta ao coração da mensagem dos Reformadores, e está, pelo contrário, de acordo com a visão romana a respeito da vontade do homem e da natureza da graça, eu acho a sua posição extremamente incoerente de sua parte. Você fala muitas vezes de oposição às tradições dos homens, e na verdade, neste caso, você abraça as mesmas tradições que estão no coração do “evangelho” de Roma.

Pelo contrário, os Reformadores e seus credos é que estão infectados de ideias que vieram do maior católico romano, o próprio Agostinho. Além do mais, a rejeição da Eleição, Predestinação e Preservação dos Santos como definidas pelos calvinistas dificilmente é abraçar “o coração do ‘evangelho’ de Roma”. O verdadeiro coração do evangelho de Roma são as boas obras e os sacramentos. A retenção por parte de Calvino do sacramentalismo, da regeneração batismal para as crianças e da honra dada ao sacerdócio católico romano como válido, certamente se constitui em uma forma mais grave de abraçar o falso evangelho do Catolicismo. A rejeição do Calvinismo não implica em qualquer acordo com nenhuma parte das doutrinas heréticas de Roma a respeito da salvação.

Parece incompreensível que a influência predominante sobre a teologia e os credos reformados pudesse estar tão estreitamente ligada ao próprio Catolicismo Romano contra o qual os Reformadores se rebelaram. No entanto, aqueles que deixam de se submeter a esses credos estão, supostamente, “equivocados”. Como os credos protestantes passaram a ser dominados pela doutrina calvinista é uma história interessante.

 
O Papel da Vulgata Latina
 
Juntamente com os escritos de Agostinho, a Vulgata Latina também moldou o pensamento de Calvino como está expresso em suas Institutas da Religião Cristã. Fluente em latim, Calvino usou por muito tempo essa corrompida tradução da Bíblia, que, desde a sua composição por Jerônimo no início do quinto século, foi a Bíblia oficial dos católicos romanos. Foi novamente assim declarada pelo Concílio de Trento em 1546, quando Calvino tinha 37 anos de idade. Mais do que isso, sua influência chegou ao movimento protestante: “Por mil anos a Vulgata foi praticamente a única Bíblia conhecida e lida na Europa Ocidental. Todos os comentários eram baseados no texto da Vulgata... Pregadores baseavam seus sermões nela”.

A Vulgata foi permeada com as visões agostinianas da predestinação e a rejeição do livre-arbítrio. De acordo com Philip Schaff, “A Vulgata pode ser acusada, na verdade, de inúmeras falhas, imprecisões, contradições e tratamento arbitrário nos particulares”. Outros manifestaram a mesma opinião. Samuel Fisk cita Samuel Berger, que na Cambridge History of the English Bible (História da Bíblia Inglesa de Cambridge), Vol. 3 (S. L. Greenslade, ed. Cambridge, Inglaterra: University Press, 1963, 414), chamou a Vulgata de “o texto mais vulgar e ilegítimo imaginável”. Grady diz: “Dâmaso comissionou Jerônimo a ressuscitar a arcaica Bíblia Latina Antiga em 382 A.D... a monstruosidade acabada ficou conhecida como a ‘Vulgata’ Latina... e foi usada pelo Diabo para inaugurar a Idade das Trevas”. Fisk nos lembra:

Exemplos bem conhecidos de erros de longo prazo incluem todo o sistema de “penitência” católico, extraído a partir do “fazer penitência” da Vulgata... quando o latim deveria ter seguido o grego – arrepender-se. Da mesma forma, a palavra “sacramento” foi uma leitura deturpada da Vulgata da palavra original para mistério. Ainda mais significativo, talvez, foi a tradução da palavra presbítero (ancião) como “sacerdote”.

Agostinho descreveu o problema que levou à produção da Vulgata: “Nos primeiros dias da fé, quando um manuscrito grego chegava às mãos de alguma pessoa, e ela pensava que possuía um pouco de fluência nas duas línguas, ela se aventurava a fazer uma tradução [para o latim]”. Como consequência de tal esforço individual, Bruce diz, “Chegou o momento, entretanto, quando os vários textos [em latim, das Escrituras] se tornou por demais inconveniente de ser tolerado por mais tempo, então o Papa Dâmaso... comissionou o seu secretário, Jerônimo, a realizar o trabalho” de revisão para produzir uma versão latina autorizada.

Bruce continua: “Disseram a ele [Jerônimo] para ser cauteloso por causa dos ‘irmãos mais fracos’, que não gostavam de ver seus textos favoritos adulterados, mesmo no interesse de uma maior precisão. Mesmo assim, ele foi longe demais para o gosto de muitos, enquanto ele próprio estava convicto de que não estava indo longe o suficiente”. O Unger’s Bible Dictionary (Dicionário Bíblico de Unger) comenta:

Por muitos séculos ela [a Vulgata] foi a única Bíblia geralmente usada... Na época da Reforma a Vulgata [influenciou] versões populares. A versão de Lutero (Novo Testamento em 1523) foi a mais importante e nela a Vulgata teve grande peso. A partir de Lutero a influência do latim chegou à nossa própria Versão Autorizada [King James Version (KJV) – Versão do Rei Tiago].
 

As Bíblias de Genebra e do Rei Tiago e os Credos Protestantes

De não pouca importância ao nosso estudo é o fato de que esta tradução corrupta teve influência sobre as igrejas protestantes na Europa, Inglaterra e América. Essa influência foi transferida para a Bíblia de Genebra (que tem problemas adicionais, como veremos abaixo), bem como para outras versões antigas da English Bible, e até mesmo para a King James Bible de hoje.

Da mesma forma que a Vulgata estava cheia de Agostinianismos, a Bíblia de Genebra estava cheia de Calvinismo, tanto no seu texto como nas volumosas notas. A General Biblical lntroduction (Introdução Geral da Bíblia) de H. S. Miller diz, “Ela foi uma revisão da Bíblia de Tyndale, com uma introdução de Calvino... a obra dos reformadores ingleses, assistida por Beza, Calvino e possivelmente outros”. J. R. Dore, em Old Bibles: An Account of the Early Versions of the English Bible (Bíblias Antigas: Um Relato das Primeiras Versões da Bíblia Inglesa), 2ª edição, acrescenta que “quase todo capítulo [da Bíblia de Genebra] tem volumosas notas cheias da doutrina calvinista”. Andrew Edgar, em The Bibles of England (As Bíblias da Inglaterra), declara: “À época, quando a Bíblia de Genebra foi publicada pela primeira vez, Calvino era o espírito dominante em Genebra. Todas as características de seu sistema teológico, eclesiástico, político e social estão, portanto, refletidas nas anotações marginais... A doutrina da predestinação é proclamada como sendo a principal pedra angular do evangelho”.

W. Hoare diz em The Evolution of the English Bible (A Evolução da Bíblia Inglesa), “Considerada como um todo literário, ela [a Bíblia de Genebra] tem sobre si o caráter de um manifesto calvinista... um livro com um propósito especial”. F. F. Bruce acrescenta:

As notas da Bíblia de Genebra... são, com certeza, francamente admitidas, calvinistas na doutrina... O povo da Inglaterra e da Escócia... aprendeu muito da sua exegese bíblica a partir dessas notas. A Bíblia de Genebra imediatamente ganhou, e manteve, generalizada popularidade. Ela se tornou a Bíblia familiar dos protestantes de língua inglesa... Ela se tornou a Bíblia autorizada na Escócia e foi trazida à América, onde teve uma forte influência.

Butterworth assinala: “Na linhagem da Bíblia do Rei Tiago, esta [a Bíblia de Genebra] é por todos os meios a obra mais importante... A Bíblia de Genebra... teve uma influência muito grande na formação da Bíblia do Rei Tiago”. Robinson é ainda mais enfático:

Uma grande parte de suas [da Bíblia de Genebra] inovações estão incluídas na Versão Autorizada [King James Version (KJV) – Versão do Rei Tiago]... Às vezes, o texto e a margem da Bíblia de Genebra são como um só; às vezes o texto torna-se a margem e a margem torna-se o texto. Às vezes a margem torna-se o texto e nenhuma outra alternativa é oferecida. Muito frequentemente, a margem da Bíblia de Genebra se torna o texto da Versão Autorizada com ou sem mudança verbal.

Documentação adicional poderia ser dada, mas isso deve ser suficiente para traçar rapidamente a influência daquele maior católico romano, Agostinho, através da Vulgata Latina e de seus escritos, sobre Calvino – e através de Calvino, para a Bíblia de Genebra e dela para a King James Bible (KJV) – Bíblia do Rei Tiago. E, por fim, para púlpitos e lares dos protestantes em toda a Europa, Inglaterra e Estados Unidos. Não é de admirar, então, que aqueles que, como Armínio, ousaram questionar o Calvinismo, foram oprimidos com oposição. É claro, vários sínodos e assembleias foram organizados para formular os credos aceitos e punir os dissidentes, mas as condições eram favoráveis ao Calvinismo, e nenhuma influência para atenuar esse erro era permitida. Isto será documentado nos capítulos 5 e 6.
 

A Nova Bíblia de Estudo de Genebra e a Verdade da Reforma

A moderna Nova Bíblia de Estudo de Genebra (recentemente reimpressa como The Reformation Study Bible (A Bíblia de Estudo da Reforma) está sendo amplamente divulgada em um esforço para infundir nos leitores as doutrinas do Calvinismo. A tradução da New King James Bible (NKJV – Nova Bíblia do Rei Tiago) é atraente. Da mesma forma que a Bíblia de Genebra original, entretanto, as notas são tratados calvinistas. Em seu prefácio, R. C. Sproul escreve:

A Nova Bíblia de Estudo de Genebra é assim chamada porque ela representa a tradição da Bíblia de Genebra original... A luz da Reforma era a luz da Bíblia... A Bíblia de Genebra foi publicada em 1560 [e] dominou o mundo de fala inglesa por uma centena de anos.... Peregrinos e puritanos levaram a Bíblia de Genebra às margens do Novo Mundo. Colonos norte-americanos foram educados com a Bíblia de Genebra... A Nova Bíblia de Estudo de Genebra contém uma reafirmação moderna da verdade da Reforma em seus comentários e notas teológicas. Sua finalidade é apresentar novamente a luz da Reforma.

Na verdade, seu objetivo é infundir nos leitores as doutrinas do Calvinismo, o que é inapropriadamente comercializada como “a verdade da Reforma” – como se Calvinismo e Protestantismo fossem idênticos. Houve, na verdade, muito mais na Reforma além do Calvinismo, não obstante as alegações calvinistas.

 

Obs. Não temos o título de Dave Hunt What Love Is This?: Calvinism's Misrepresentation of God -Que Amor é Esse?: Calvinismo uma falsa representação de Deus) em Português. Caso você deseje ler algo a mais, você encontra parte do livro em português no sítio descrito abaixo:

http://www.arminianismo.com/index.php/categorias/obras/livros/181-dave-hunt-que-amor-e-este/

Um comentário:

J.Rubens disse...

De fato, o francês Calvino é pródigo em citar o padre Agostinho com sua fonte de inspiração máxima. Todavia, não me parece que se possa afirmar concreta essa "conexão" entre Calvinismo e Catolicismo, considerando o que o mesmo João Calvino escreveu em seu livro chamado 'Institutas' (vol. IV): "Em vez do ministério da Palavra, aí reina um regime degenerado e conflacionado de falsidades, que em parte extingue a pura luz da verdade, em parte a sufoca; no lugar da Ceia do Senhor introduziu-se o mais hediondo sacrilégio; o culto de Deus foi deformado por variada e não tolerável aglomerado de superstições; a doutrina, à parte da qual não subsiste Cristianismo, foi inteira sepultada e rejeitada; as reuniões públicas, reduzidas a escolas de idolatria e impiedade."
A propósito, Calvino disse MUITO MAIS COISAS acerca do catolicismo que neste momento não transcrevo para que este comentário não se alongue em demasia.